16/01/2025
Lançamento do v. 4 n. 7 (2024) Revista de Estudos Anarquistas e Decoloniais (UFRJ)
Rio de Janeiro
É com grande satisfação e orgulho que anunciamos mais uma edição da Revista de Estudos Anarquistas e Decoloniais (READ), uma publicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nesta edição, trazemos uma rica coletânea de artigos e ensaios que exploram temas centrais para o pensamento libertário e decolonial, abordando questões contemporâneas e históricas com profundidade e rigor acadêmico.
No primeiro artigo da revista, intitulado “DESCOLONIZANDO O CORPO: OLHARES, CONCEITOS E PERSPECTIVAS”, o médico homeopata Renato Sampaio de Azambuja aborda a definição histórica do corpo biológico e suas relações com estratégias de dominação colonialista, destacando a importância de reconhecer e resistir ao poder da colonialidade. Ele também discute a descolonização do corpo, integrando conhecimentos indígenas e o conceito de "Corpo sem Órgãos" de Deleuze e Guattari. O autor, a partir de uma perspectiva de práticas integrativas, propõe uma narrativa descolonial para compreender o corpo em múltiplas perspectivas e resistir à objetividade imposta pelo colonialismo.
Em “A CRÍTICA BOOKCHINIANA AO MARXISMO: O QUE SE DEVE PRESERVAR E O QUE SE DEVE SUPERAR”, Arthur Guimarães de Oliveira Castro, mestre em Ciências Sociais, apresenta uma análise abrangente das críticas de Murray Bookchin ao marxismo. Bookchin, inicialmente marxista, evoluiu sua visão ao longo do tempo, destacando a necessidade de uma nova teoria revolucionária que preservasse os elementos positivos do marxismo e superasse os aspectos desatualizados. O autor explora as três principais críticas de Bookchin: o etapismo histórico, a definição do proletariado industrial como classe revolucionária e a centralização estatal. A pesquisa contextualiza as mudanças nas críticas de Bookchin ao marxismo, especialmente após a crise do socialismo real nos anos 90, oferecendo uma visão profunda e crítica sobre o pensamento do teórico libertário.
Thaíssa Macêdo dos Santos, graduanda do curso de Ciências Sociais, EM “A ESTÉTICA DA BRANQUITUDE E A IMPORTÂNCIA DAS REPRESENTAÇÕES DE PESSOAS NEGRAS NO AUDIOVISUAL”, discute como a ideologia do branqueamento no audiovisual brasileiro resultou em uma estética da branquitude, influenciando a representação de pessoas negras nas mídias. Analisam-se estereótipos e obras significativas que perpetuam essas representações, bem como textos sobre colonialidade e cultura. Em resposta, destacam-se filmes do Cinema Negro Brasileiro que ressignificam a representação negra nas telas. O estudo enfatiza a importância de produções audiovisuais para moldar percepções sociais e promover narrativas humanizadoras.
Matheus Teixeira, graduando em filosofia (UFRJ), no artigo INTITULADO “ÉDOUARD GLISSANT: O IMPREVISÍVEL COMO RESULTADO DA RELAÇÃO”, se propõe a explorar os ecos do Surrealismo Antilhano através da obra do filósofo, poeta e romancista martinicano Édouard Glissant. A pesquisa foca nas suas interações com pensadores como Frantz Fanon, Deleuze e Guattari, e suas experiências anticoloniais ao lado de Aimé Césaire. O estudo visa compreender o conceito de Crioulização de Glissant e sua Estética da Diversidade, enfatizando como essas ideias influenciam material e subjetivamente o povo martinicano. A análise destaca a importância de um pensamento relacional e rizomático para entender a dinâmica cultural e a resistência ao colonialismo.
Em “PARTEIRAS E CURANDEIRAS: RESGATE ANCESTRAL DO CORPO FEMININO E SUA RELAÇÃO COM A NATUREZA”, Maria Clara Piloto Pereira, bacharel em história pela UFRJ, revela a profunda interconexão entre as práticas de cuidado e cura das parteiras e curandeiras com a natureza, destacando sua resistência às imposições coloniais. Explora como essas práticas ancestrais, principalmente de mulheres negras e indígenas, enfrentam as múltiplas colonialidades do poder. Com base em perspectivas de Krenak e Nego Bispo, discute a reciprocidade entre humanos e meio ambiente. O estudo propõe reavivar os elos entre o corpo feminino e a natureza, desafiando a "abstração civilizatória" que dissocia a humanidade da terra.
Por fim, Rafael Cabral Sirimarco, mestrado da UFRJ, traduziu o ensaio de Dimitris Troaditis, intitulado: “IDEIAS E PRÁTICAS ANARCOSSINDICALISTAS EM CONSTANTINOPLA”. Dimitris explora o lançamento do jornal operário e revolucionário Ergatis em 1910, na Turquia. Editado por um grupo majoritariamente grego, o jornal tornou-se a voz do Centro Socialista da Turquia e posteriormente do Diethnis Panergatiki Enosi, uma organização anarcossindicalista. O texto também detalha as perseguições enfrentadas pelos editores e a continuidade das atividades revolucionárias, mencionando a disseminação das ideias anarquistas entre as comunidades armênia e grega na região.
Boa leitura a todos!
Wallace dos Santos de Moraes
Pamela Cristina de Gois
DOI: https://doi.org/10.59488/read.v4i7
Publicado: 2025-01-16