Filosofia em volta do fogo, entrevista com Filomeno Lopes

Marcos Carvalho Lopes

Filósofo e professor na Universidade Federal de Jataí. Desenvolve a página e o podcast Filosofia Pop.

10/11/2022 • Entrevistas

Entrevista publicada na edição 157 da Revista Humanitas

 

A publicação em italiano do livro A filosofia em volta do fogo - O pensamento africano entre memória e futuro (2001) do jornalista e filósofo bissau-guineense Filomeno Lopes marca um esforço não só de institucionalização da filosofia africana, mas também o começo de um projeto sobre o filosofar nos PALOP (Países de Língua Oficial Portuguesa). A partir do reconhecimento de uma história em comum, que funcionaria como abertura para o diálogo, Filomeno afirma: É, de fato, os laços históricos que fazem com que, apesar da distância geográfica, um guineense, por exemplo, possa se sentir mais ligado a um angolano, a um moçambicano ou a um brasileiro, e não a um senegalês, geograficamente vizinho, apesar dos profundos laços de fraternidade que sempre existiram entre os dois povos. Se, portanto, a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) realmente quer ser mais forte, deve insistir no debate sobre a consciência histórica, para que os erros do passado não sejam repetidos e as pessoas tenham a oportunidade de participar ativamente”[1].

Nesta entrevista, o filósofo reconhece que essa história em comum significa lidar com as dificuldades de um contexto de colonização que tornou também a filosofia uma prática de erudição vazia, desconectada do contexto e dos problemas vivenciados cotidianamente em sociedades que cultivam um grau de desigualdade extrema. Para desenvolver a filosofia no contexto de países pobres e de tradições orais é preciso buscar outras formas de filosofar que rompam o ciclo do academicismo, ao mesmo tempo elitista e auto-indulgente, e reconhecer/construir outras formas de comunicação e diálogo. Basta pensar no papel da canção popular na luta pela independência dos países da África Lusófona e na resistência diante da Ditadura Militar, para reconhecer que Bonga, José Carlos Schwarz, Gilberto Gil ou Martinho da Vila, se armaram da canção na luta por liberdade. Do mesmo modo, o rádio, o teatro, o cinema podem e devem se articular com formas de cultura tradicionais para promover o jogo de pedir e dar razões em contextos em que a cultura livresca não tem espaço. Para tanto, Filomeno Lopes pede que a filosofia se torne filodramática, já que “para desempenharem o papel que lhes cabe na construção da história e historicidade dos nossos países e povos, hoje, os filósofos(as) devem ser capazes de ‘suicidar-se’ como elite, para ressuscitar na condição de ‘profetas’ (Ngoenha) e servidores inteiramente identificados e comprometidos com as aspirações mais profundas e legítimas dos respectivos povos e países a que pertencemos” [2].

Filomeno Lopes também considera que o longo tempo de governos militares gerou um tipo de “razão armada”, masculina e belicosa, que precisa ser combatida para que inventemos uma cultura democrática: só o reconhecimento e incorporação do feminino pode nos redimir! Essas profecias que recontextualizam o filosofar não nos parecem estranhas porque temos problemas em comum. A questão é saber se estamos preparados para dialogar e procurar traduzir o melhor no mais comum. 

 

Em 2017, o artigo “The Case for Colonialism”, de Bruce Gilley, causou escândalo por, entre outras coisas, propor uma re-colonização voluntária de territórios africanos diante do fracasso do processo de descolonização de gerar estabilidade, segurança e qualidade de vida para suas populações. O exemplo paradigmático de Gilley foi a situação da Guiné-Bissau. Como o senhor avalia esse tipo de posição de apagamento da violência colonial, das responsabilidades internacionais e da própria luta por libertação?

Filomeno Lopes: Acho que a primeira pergunta necessitaria de diversos níveis de resposta: histórico, cultural, filosófico, geopolítico, político e, sobretudo, ético. Eu quero debruçar-me mais sobre este último aspeto, que é o aspeto ético (maat: postura radicada na Verdade, Justiça, Equidade e Harmonia da complexidade) da questão que muitas vezes a nossa geração pós escravatura e Tráfico Negreiro, pós colonização, pós apartheid e pós prática sistemática de zoo humanos, não leva nunca em consideração ou obnubila quase sempre de forma propositada e que é uma maneira muito fácil de delegar a própria responsabilidade histórica (maat) perante os desafios do presente: a saber que em cada época temos que ser capazes de herdar as lutas dos nossos antepassados mas para dar continuidade, avançando nos desafios que ainda temos diante de nós, os desafios do presente e do futuro que nos é dado viver. 

Ora, Gilley é o último da longa lista de autores contemporâneos e talvez até dos menos renomados que por estas razões e outras que não estou aqui agora a discutir, chegaram a conclusões públicas sobre a necessidade de recolonização do continente e, portanto, dos países e povos africanos, mesmo se neste caso específico se fala da Guiné-Bissau. Basta recordar os casos mais clássicos dos anos noventa com a Axelle Kabou e Daniel Etounga Mangele, com a primeira a perguntar "e se África recusasse o desenvolvimento” enquanto o segundo a perguntar se porventura a África precisa de um "ajustamento cultural" não obstante os efeitos nocivos dos programas de ajustamento estruturais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional sobre a vida de inteiras gerações, mas de que ele se fazia porta-voz. Sem contar com a literatura africana dos finais dos anos oitenta em que muitos autores renomados, que perante os dramas que pairavam sobre o “sol das independências africanas” (Ahmadou Kourouma), começaram a perguntar “quando é que as independências vão acabar”.

O mesmo aconteceu no mundo da música africana. Ambas estas teses eram provocações que por mais legítimas e interessantes que fossem, todavia denotavam um limite da classe intelectual africana contemporânea: somos uma banda de gente com mente “sob ocupação” (Ama Mazama) e “sob aluguel” pelos paradigmas dos outros (Japoneses e ocidentais, no caso dos dois autores, Kabou e Mangele), e, então, gente habituada, treinada, educada, a desprezar as suas culturas, mas sobretudo a sua espiritualidade e, por conseguinte, habituada a desprezar os seus países e povos sem mesmo se dar na conta;  gente com zero consciência histórica real dos sofrimentos e das lutas dos nossos antepassados e capazes de pensar só no resultado da história dos outros (Japão, Europa, Ocidente) obnubilando os percursos, etc. 

Ora sem consciência histórica e na lógica do mimetismo absoluto dos outros, falta de confiança nos alicerces do próprio estar no mundo com outros e para os outros e com o olhar exclusivamente fixado sobre o consumo do instantâneo produzido pelos outros, é normal que seja difícil cultivar uma consciência histórica que seja guardiã dos templos das lutas travadas, durante mais de 700 anos a esta parte, pelos nossos antepassados para a reconquista do próprio espaço e direito à construção da história e historicidade desde o período da Conquista a esta parte e a que nós somos os principais beneficiários não obstante tudo. Por conseguinte, a minha geração bissauguineense olha para conquista da independência não como “independência chave na mente e no coração” de cada uma e cada um, mas simplesmente como “independência chave na mão” (Joseph Ki-Zerbo): falta-nos a história do real percurso feito de sofrimentos, deportações, escravatura, trabalho forçado, racismo sistemático, exibições públicas de pessoas que até antes da independência eram consideradas e tratadas por isso juridicamente como “infância da humanidade européia e branca” etc. etc. Tudo isso sem contar os milhões de homens e mulheres que perderam as suas vidas nessas lutas para que a nossa geração pudesse ser considerada hoje “seres humanos em igualdade de direito e dever” e poder, por conseguinte, iniciar a lutar para ocupar o seu espaço no mundo. 

Só pode propor teses de tamanhas aberrações sobre a recolonização dos nossos países e povos, quem nunca tentou sentir uma certa empatia ainda que fosse só por imaginação, daquilo que significava ser escravizado, colonizado, viver sob o regime de apartheid e de prática sistemática de exibição de seres humanos como animais selvagens nos zoos e vive na obsessão do paradigma do desenvolvimento “que ocupou e alugou a sua mente e o seu coração”. Ora nós jamais teremos que esquecer que a “democracia”, disse Cabral, portanto, as independências que eles conquistaram com tanto suor e sangue e nos deixaram em herança, nunca deve ser entendida como um “direito” mas sempre como um “dever”. Quer dizer que ela é mais um projeto a ser construído (responsabilidade ética, maat) do que algo de já existente de uma vez por todas e simplesmente por gozar como direito. E cabe a cada um de nós e todos juntos em cada época em que vivemos tentar trazer as nossas respostas, a nossa pequena contribuição, a nossa quota parte. Mas sem consciência histórica real não se pode desenvolver uma tal ética maatica de gratidão e de compromisso com os ideais de construção de paz, progresso e felicidade dos nossos países e povos que se espera de cada um de nós após a conquista das independências. 

Amílcar Cabral recorda que no preciso momento do início do longo processo da luta de libertação nacional “o povo não dispunha de muitos bens materiais para ajudar a luta: deu-se a luta” (Cabral 2018) e com muitos sacrifícios chegou à libertação política dos nossos países e povos preparando condições futuras diversas para a nossa geração que já pôde ter acesso à “saúde e capacitação” que a eles lhes fora negado. Então a luta de libertação foi somente uma fase mais reestruturada e vitoriosa da mesma luta para a reconquista da dignidade cultural e de protagonismo histórico que tinha sido iniciado na luta contra a escravatura e tráfico negreiro, contra a colonização, contra o apartheid e contra a prática dos zoos humanos. Aquela geração de homens e mulheres soube acolher a herança dos ideais da luta dos seus antepassados e, mesmo sem escolarização e outros meios necessários para enfrentar uma luta moderna, foi capaz de detectar o seu desafio, enfrentá-lo e de o vencer. Mas foi simplesmente um passo. E cabe à nossa geração decidir se “ousar inventar um advir” de paz, progresso e felicidade, sabendo de estar em condições já de privilegiados pelo reconhecimento da própria humanidade reconquistada pelos nossos antepassados, ou então viver de mimetismo histórico e das migalhas que os outros construíram para si também com sacrifício e não em pouco tempo como pode parecer. Se nós hoje podemos frequentar a escola, estar no mundo como simples seres humanos e não mais como objetos, mercadorias que podem ser tranquilamente vendidos (Code Noir de Luís XIV), porque infância de humanidade dos europeus e brancos, tudo isso é fruto da luta dos nossos antepassados, nós não fizemos nada para o merecer. O que é que queremos fazer em contrapartida para deixar também em herança aos nossos filhos/as e netos/as? Se não estamos disponíveis a perder as nossas vidas em prol dos outros, da próxima geração que espera algo de concreto de nós, é melhor ficar calados/as. Nada adianta ralhar contra a escuridão. Convém acender uma vela ou ficar calado/a.


Como Amílcar Cabral poderia ser uma arma teórica neste contexto de esquecimento e apagamento da violência colonial e de novas formas de opressão?

Filomeno Lopes: No quadro teórico, acho que Cabral nos recorda que “por mais bela e atraente que seja a realidade dos outros, só poderemos transformar a nossa própria realidade com base no seu conhecimento concreto e nos esforços e sacrifícios próprios” [3]. De fato, advertia Cabral, “temos sido capazes e temos de ser cada dia mais capazes de pensar muito nos nossos problemas para podermos agir bem e agir muito para podermos pensar cada vez melhor” [4]. Isso significa compreender que não podemos prescindir de “pensar com a nossa própria cabeça e com os pés bem fincados no chão” a complexidade do Real dos nossos países e povos, partindo precisamente da nossa realidade espiritual e cultural, bem conscientes do fato que qualquer realidade social precisa sempre ser compreendida sucessivamente em um plano operacional coral, sendo ela respectivamente um ad intra e ad extra do mundo global em que vivemos. 

Isso comporta a ousadia e audácia de sair da prisão do mimetismo que nos caracteriza em todos os âmbitos da ciência; sair da não confiança em si próprios e nos valores espirituais e culturais dos próprios antepassados, enfim abandonar a lógica imperante do desprezo dos percursos da própria história e historicidade e guardar na mente e no coração(ib) a exortação segundo o qual “no começo da nossa luta, disse Amílcar Cabral, dissemos que a luta para libertar Guiné e Cabo Verde era, ao fim ao cabo, uma questão de capacitar homens e mulheres para trabalhar nesse sentido, e de garantir que fossem honestos, decentes, patriotas e consagrassem o seu pensamento e a sua ação ao serviço do seu povo e não ao serviço dos seus interesses pessoais” ou dos seus Mestres. Mas sobretudo, recorda ainda Cabral, “deixamos bem claro que a nossa maior luta não é contra os tugas (os colonialistas portugueses), é da verdade contra a mentira” e, portanto, da luta da verdade do Real dos nossos países e povos contra a verdade do real das nossas “mentes e corações sob ocupação e alugueres” dos paradigmas dos outros. Disso temos de nos emancipar, perceber e aceitar que, como nos recorda Cheikh Anta Diop, “o estudo sistemático das imensas problemáticas africanas é de capital importância” para nós se queremos dominar “uma situação que exige tantas energias humanas, tanta lucidez intelectual, tanto pensamento criativo”. E, dirigindo-se precisamente à nova geração dos africanos, Diop advertia que, “a nossa geração não tem outras “chances”, se assim podemos dizer, no sentido que ela não pode evitar a tempestade intelectual; que ela queira ou não, ela será obrigada (...) a livrar-se do seu espírito de receitas intelectuais e de migas de pensamento, para se empenhar resolutamente na única via realmente dialética da solução dos problemas que a história lhe impõe. Isto supõe uma atividade de pesquisa, no sentido mais autêntico da palavra, espíritos lúcidos e fecundos, capazes de dar soluções eficazes. (...) É a conjuntura histórica que obriga a nossa geração a resolver, em uma perspectiva positiva, o conjunto dos problemas vitais que se colocam hoje à África. (...) Se ela não conseguir, ela vai aparecer na história das evoluções dos nossos povos, como a geração de demarcação que não foi capaz de garantir a sobrevivência cultural, nacional do continente africano: aquela que por cegueira política e intelectual cometeu um erro fatal contra o nosso futuro nacional, ela será a geração indigna por excelência, aquela que não esteve à altura das circunstâncias” [5]. 

Acho que é sobre tudo isso que precisamos pensar seriamente mais do que passar o tempo das nossas atividades teóricas em lamentações, culpabilizando os nossos antepassados, e, pior ainda, augurando um retorno ao colonialismo dos nossos países e povos, talvez com a esperança de poder ser os intermediários, os novos Cipaios dessa era de recolonização dos nossos países e povos.    


Junto com o professor Severino Ngoenha, o senhor tem um projeto de articulação de um filosofar nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa). Como esse diálogo tem se articulado?

Filomeno Lopes: Digamos que isso constituiu uma preocupação nossa desde o momento em que éramos estudantes em Roma e começamos a ter contato com esta matéria através dos colegas e amigos estudantes africanos provenientes de diversas partes da África anglófona e francófona. A nossa primeira preocupação logo foi procurar conhecer mais, estudar mais, aprofundar a matéria e ao mesmo tempo buscar mecanismos para introduzir o debate no nosso espaço luso-falante, onde era praticamente inexistente como matéria de ensino. Neste âmbito devo dizer que o Severino Ngoenha foi simplesmente excepcional e graças aos seus inúmeros esforços pedagógicos e epistemológicos podemos hoje afirmar com alegria que durante estes vinte anos se criou um espaço público de formação e de debate filosófico em Moçambique e, por conseguinte, uma Escola Moçambicana de filosofia onde a filosofia africana é ensinada como um valor espiritual, cultural e epistemológico com todos os seus limites. Trata-se agora de dar um passo adiante e criar as “Humanidades Clássicas Africanas” (Diop) da filosofia africana a partir da experiência da CONCP (Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas) – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa  (PALOP) que, por razões históricas bastante importantes, que não estou aqui a evidenciar, não puderam tomar parte ativa no debate teórico sobre o pensamento filosófico africano moderno e contemporâneo. Entretanto, a CONCP – PALOP, através da “Arma da teoria” e “Pensar para melhor agir” (Amílcar Cabral), “Lutar por Moçambique” (Eduardo Mondlane) e “Sagrada Esperança” (Agostinho Neto), desenvolveram um “pensamento e uma ação revolucionária” do ponto de vista cultural, político, econômico e militar que foi considerado o maior e o melhor de toda a história das revoluções africanas do século XIX-XX.  Toda essa magnífica experiência vital africana permanece fora do conjunto do debate filosófico africano moderno e contemporâneo. Ora, mais do que constatar a existência de uma lacuna, a existência de um vazio nesse sentido, achamos que o importante é tentar colmatar essa lacuna e esse vazio. É precisamente o que estamos a tentar fazer por agora em diante e gostaríamos que o debate se alargasse também para a dimensão africana da experiência brasileira. 


Como o senhor vê a participação do Brasil nos diálogos da filosofia africana? 

Filomeno Lopes:Essa é uma questão que não saberia responder com profundidade, serenidade e seriedade de análise que exige. Mas é evidente que esse diálogo filosófico entre Brasil e PALOP está em um estado embrionário e é mais por construir a vários níveis, de forma mais sistemática e institucional do que tem sido até agora. A nossa participação nesse colóquio é para nós ocasião para tentar sondar as condições de possibilidades e as modalidades que nos possam levar à esse patamar de colaboração e intercâmbio mais sistemático e institucionalizado pensado em criar e deixar uma Tradição, uma herança sistemática e institucional que possa ser útil para as futuras gerações dos nossos respectivos países e povos.


Notas

[1] LOPES, F. LOPES, Filomeno. Filosofia intorno al fuoco. Il pensiero africano contemporaneo tra memoria e futuro, Bologna: EMI, 2001, p.227. Tradução nossa.

[2]  LOPES, F. Filodramática. Lisboa: Paulinas, 2018, p.53.

[3]  CABRAL, Amílcar. Unidade e Luta I: A Arma da Teoria. 2a ed. Lisboa: SARL,  1978. p.217. 

[4]  CABRAL, Amílcar. Idem. p.160.

[5]  ANTA DIOP, C. Les fondements économiques et culturels d’un état fédéral d’Afrique Noire. Paris: Présence Africaine, 1974, p. 28.

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