Anpof lança "Observatório Racial"

22/08/2023 • Notícias ANPOF

Tendo em vista a lacuna histórica em relação às questões de racialidade na área de Filosofia, a diretoria da Anpof 2023-2024, em parceria com o GT Filosofia e Raça, acaba de lançar oficialmente o Observatório Racial da Anpof. "Entendemos que as mais diferentes formas de racismo se combate com o engajamento da área de filosofia no reconhecimento da extensa e variada tradição filosófica de matriz não europeia", comenta o presidente da Anpof, prof. Érico Andrade (UFPE), que também integra o GT Filosofia e Raça. O observatório tem como objetivo 1) mapear as desigualdades raciais (na sua interseção com gênero, classe e território) e o racismo produzido pela própria filosofia; 2) produzir diagnósticos para o combate dos diversos racismos; 3) divulgar as mais variadas tradições filosóficas que compõem o nosso país.

O Observatório Racial da Anpof é uma construção coletiva que pretende pensar, fortalecer e ampliar a participação das pessoas negras, indígenas, amarelas e marrons de origem asiática e não brancas nos estudos da área de Filosofia e, em especial, nos programas de Pós-graduação. Nesses termos, o Observatório irá propõe um conjunto de ações em vários níveis e que articulam as discussões e pesquisas em torno das questões etinicorracias, relacionando também questões de gênero, sexualidade e território.

Nessa perspectiva, o Observatório Racial entende a necessidade da coleta, sistematização e divulgação de dados de identificação raciais, e sua interseção com gênero, sexualidade, território. Também reconhece a necessidade de fortalecimento e promoção de políticas públicas de fomento à pesquisas com temáticas em torno das questões étnico raciais um fundamento central para a elaboração do pensamento no Brasil.

Com a criação deste espaço, o GT e a diretoria acreditam que será possível compreender os desdobramentos das questões raciais na pesquisa filosófica e da importância de pautar esse pensamento no interior da comunidade filosófica brasileira. Para tanto, o observatório busca articular com iniciativas e coletivos já existentes na comunidade filosófica e pretende estimular a leitura de pessoas negras, indígenas, de pensamentos não ocidentais e das epistemologias do Sul Global.

Os eixos de atuação do observatório são os seguintes:

1)     Fomentar relações com outros coletivos para desenvolver e fortalecer as questões raciais na sua relação com outras intersecções;
2)     Exigir a coleta e sistemarizacal de dados raciais junto às agências de fomentos e aos órgãos responsáveis pela educação e saúde;
3)     Divulgar, traduzir, e produzir textos sobre questões raciais e textos produzidos por outras epistemologias do Sul Global;
4)     Fomentar o debate sobre a branquitude para implicar as pessoas brancas no processo de racialização;
5)     Fomentar, divulgar e refletir sobre os sabedores ancestrais que formaram o Brasil.

"Temos uma longa tarefa pela frente, mas um passo firme acaba de ser dado. Para que a firmeza desse passo possa servir para uma próspera  caminhada temos a convicção de que toda área deve seguir junta na promoção de uma filosofia pluriversal. Nesse sentido, o Observatório Racial é um março histórico da Anpof", conclui Érico Andrade.