Anpof, sua tarefa social e o horizonte político brasileiro
Gustavo Teixeira
08/11/2024 • Fazer filosofia no Brasil contemporâneo
Por Gustavo Teixeira (doutorando em Filosofia pela UFSC) e Wesley Sousa (doutorando em Filosofia pela UFMG)
“Planetazinho vagabundo”
Helena Ignez, em “Sem essa, aranha” (1970)
Este texto, na medida que traz quatro reflexões de caráter político-filosófico que visam mapear as futuras tarefas socioinstitucionais da Anpof, não deixa de ser um relato pessoal. Tal relato vincula-se ao como está, ou melhor, a qual tende a ser, enquanto estudantes de pós-graduação, o nosso futuro na filosofia – e sabe-se que o futuro não é promissor, tampouco frutífero, para quem trabalha em qualquer instância do ofício filosófico.
Acreditamos, aliás, que outros colegas, de idades próximas ou iguais às nossas, devam viver uma situação similar ao que vamos relatar. Resumimos este relato assim: enquanto a sociedade – incluindo a comunidade filosófica brasileira - aceita viver sob o binômio da (i) proliferação e institucionalização da ideologia reacionária e fascista e (ii) naturalização faraônica de precarização da vida material e intelectual, onde a vida social, neste contexto, é objeto de “reconhecimento recíproco” mediante uma gramática moral beligerante e regressiva e onde o sofrimento psico-social[1] é o principal sintoma do estado de coisas do tempo presente, perde-se o sentido e o status de justificação legítima do que fazemos, do porquê decidimos trabalhar com filosofia[2].
Exemplo disso, por sinal, já pode ser encontrado quando constata-se que o “ponto de vista” filosófico dentro da esfera pública brasileira foi capturado por um farsante astuto e seus seguidores, onde o primeiro apresentava em lives no Youtube um guia básico – quiçá até fazia uma leitura “crítica” - do que “é” e “quem são” os agentes publicamente conhecidos da filosofia brasileira[3]. Indo além: ao formar indivíduos inspirados em suas crenças reacionárias e retórica intransigente e agressiva, este conseguiu impulsionar a ascensão de agentes políticos democraticamente eleitos e que, hoje, legislam ou executam políticas públicas. Assassinos, golpistas e agitadores de propaganda fascista, noutras palavras, fizeram o que não fazemos e temos receio de fazer, a saber, falar o que pensa, agir e organizar grupos sociais, conquistar espaço institucional para dizer a uma sociedade precarizada e hiper individualista como determinados temas sociais devem ser tratados e sob qual ponto de vista ideológico devem ser debatidos.
Mencionamos o conteúdo desta situação, antes de expor as quatro reflexões pensada por nós, já que, quando conversamos sobre nossos caminhos e condições concretas para realizar nosso ofício – todo mundo que trabalha com filosofia é, via de regra, um profissional da educação -, estabelecemos o seguinte marco: somos a última geração de estudantes que começou sua jornada filosófica em meio a um ambiente social, econômico e político relativamente estável e que, não obstante, se tornou vítima das consequências acachapantes do golpe de 2016. Somos, assim, a primeira geração que vive sob governos que conjugam a forma de vida neoliberal[4] com o fenômeno político fascista[5] – e infelizmente este cenário se arrasta, bem como se enraiza, as novas gerações que hoje cursam uma graduação ou pós-graduação.
Acontece que este contexto histórico-social de degradação corrosiva de quaisquer laços de igualdade e solidariedade – a não ser aquela negativa, que cinicamente argumenta que “se passei por isso, então você também deve passar” - parece ser encarado enquanto tabu. Não precisamos discutir a precarização da vida de quem materialmente vive da filosofia uma vez que o horizonte de quem ingressa na carreira da pós-graduação não vem a ser esse. Ora, isso não deixa de ser uma ilusão, quando não um engodo, para justificar o notório fato de que a atividade filosófica, ou seja, o ensino institucionalizado de filosofia, se torna mais precário, incerto, deprimente e frustrante. São sujeitos que finalizam o doutorado, e trabalha como empreendedor de si, afinal precisam sobreviver; são aqueles pós graduados que passaram anos de sua vida se formando para além da vida filosófica – fizeram cursos de línguas, organizou-se em alguma militância política, fez parte da formação intelectual fora do Brasil etc – e que, porém, lhes é oferecido uma condição de empregabilidade sem direitos dignos, com um plano de carreira docente que é instável e mal remunerado; são pessoas aptas para ensinar, fazer pesquisa e debater filosofia vinculada a uma instituição de ensino e que, porém, para sobreviver e sem ainda saber exatamente o que vislumbra pesquisar, devem participar de uma seleção de pós-doutorado disputada e com distribuição escassa de bolsas. A situação política brasileira e seu respectivo horizonte de futuro, para resumir, não é promissora para muitos jovens que realizam seu percurso profissional na academia. Por enquanto, não temos a audácia de debater a realidade deste contexto. Na verdade, fingimos que isso não nos afeta.
Este relato de nossas vidas pessoais, imerso na cavalgada histórica duradoura de policrises da sociedade brasileira[6], no entanto, resvala no processo integrativo de organização social, na agregação de agentes perante um ponto comum a nós, que é a filosofia e sua práxis. Aqui entra, tendo em vista o seu último encontro e a eleição da nova mesa diretora, nossas reflexões em torno de quais tarefas sociais a Anpof pode fazer[7]. Neste sentido, para além de parabenizar a gestão eleita para o biênio 2024-2026, apresentamos quatro reflexões a toda comunidade. Tais reflexões, segundo pensamos, oferecem um panorama razoável a nossa argumentação:
(1) Sobre as condições materiais para se fazer filosofia;
(2) Sobre a integração entre as humanidades;
(3) Sobre a relação entre filosofia, estado e sociedade civil;
(4) Sobre o debate metafilosófico da comunidade filosófica;
O primeiro ponto (1) busca recolocar a discussão não apenas pensando na “profissionalização” - pois, de certo modo, já somos agentes assalariados -, mas no modelo de formação catedrática centrada numa produção intelectual circunscrita nos ditames de produções e reflexões filosóficas advinda de universidades europeias e estadunidenses. Esta questão é de suma importância, uma vez que vivemos num contexto e num itinerário histórico-cultural distante de nossas matrizes ou referenciais teóricos canônicos. Não iremos, contudo, aprofundar a questão do nosso periscópio teórico-formativo. Existem uma série de textos interessantes acerca desta questão, por exemplo, na Coluna Anpof [8]. Pensar as condições materiais, gostaríamos de destacar, não é apenas pensar que bolsas ou financiamentos – incluindo, aqui, as questões de empregabilidade e direitos previdenciários – via agências de fomento à pesquisa científica devam ser consideradas como medidas paliativas emergenciais ou como uma “recompensa” de que cumpriu-se os critérios da lógica produtivista e arrivista que vivemos no ambiente acadêmico. Este horizonte nada mais é que um vetor causador de sofrimento social e de adoecimento psíquico por meio do trabalho. Precisamos, com isso, reconsiderar este cenário considerando o seguinte: o fazer filosófico e suas considerações materiais mínimas deve ser realizada mediante um ambiente intelectual cooperativo e comunitário, que integre um conjunto de sujeitos que desejem discutir filosofia, levando-a, em certa medida, como um modo de vida de crítica radical ao tempo histórico presente, que é perpassado por um conjunto de crises – crise climática e ecológica, demográfica, econômica, política, epistêmica e de confiabilidade na ciência etc.
O segundo ponto (2) consiste em pensar a nossa condição de pesquisadores, professores, intelectuais e pensadores. Hoje, enquanto filósofos(as), nossa posição na sociedade é de um “sem-lugar”. Sendo assim, a interdisciplinaridade e transdisciplinaridade não pode ser algo abstrato, como se a filosofia fosse uma chancela para outras ciências. Foucault, Marx, Benjamin e tantos outros tiveram reconhecimentos em outras áreas, porque um filósofo que queira falar, por exemplo, sobre técnica, ciência e sociedade, não pode perder de vista o que a antropologia, sociologia, letras e economia estão trabalhando. Na verdade, vamos além: quem destas áreas ouvem, de fato, quem é da filosofia? Ou pior: quais filósofas/os ouvem e leem sociólogos, antropólogos, economistas e linguistas etc? A “mãe das ciências”, portanto, não precisa ficar escanteada no asilo das ideias. Ela não é o bicho-papão das outras áreas do saber. No que tange a formação de profissionais da filosofia, resta, com efeito, uma coisa: ser incentivado que sua formação filosófica seja ampla, que ela dialogue com outros campos do conhecimento e que ela bloqueie vícios intelectuais antidemocráticos.
O terceiro ponto (3) liga-se ao segundo. Neste sentido, a relação entre filosofia e sociedade é muito mais direto do que se imagina[9]. O pensamento surge na medida em que ele se insere nos dilemas de seu tempo. Tal como coloca Adorno na Dialética negativa: “Pensar é, já em si, antes de todo e qualquer conteúdo particular, negar, é resistir ao que lhe é imposto” (ADORNO, 2009, p. 25). As reflexões que um pesquisador elabora, rumina e reconsidera, no fundo, é contemporânea visto que, se nela não se prende, será nela que se volta, criticamente ou não, o seu pensar. A relação com a sociedade civil e Estado, neste sentido, está na ordem do espelhamento que não é uma imagem opaca ou indecifrável. Se a filosofia, então, “perde” prestígio, vale refletir sobre seu status social e a cultura localizada. Portanto, reverbera aqui o binômio detectado anteriormente como premissa textual do que é ou do significa a filosofia para quem não vive ou está familiarizado com seu vocabulário.
Diante disso, afirmamos: não podemos abdicar de que a filosofia seja um vetor pedagógico formativo que publicamente preserva e ensina algo que falta à sociedade brasileira: a capacidade de seriamente dialogar acerca de questões centrais à vida cotidiana de qualquer pessoa. Nosso desinteresse frente ao espírito do tempo – e não há nada mais anti-filosófico do que isso – causou danos que durarão alguns bons anos: a escalada de agentes políticos fascistas que verbalizam um conceito falso e autoritário de liberdade, a inabilidade política para promover vínculos democráticos e igualitários em todas as esferas sociais e a aceitação de que a educação de jovens devam ser feitas por escolas militares alinhadas a ideologias reacionárias são alguns destes danos existentes. Ora, não podemos permitir a continuidade disso.
O quarto ponto (4), por fim, que deriva das três reflexões anteriores, apresenta uma questão prática: qual é a nossa posição – profissional, intelectual e cultural – hoje? É atender “demandas” teóricas da moda ditadas por uma esfera pública burguesa controlada pelo poder e o dinheiro, ou é justamente compreender que o lócus filosófico de nosso tempo, impregnado destes pressupostos, pode ressurgir de si mesmo? Evidentemente, a “abertura às ideias” e sua pluralidade, neste sentido, serve às vezes como justificação da mediocridade de quem abandonou há muito tempo qualquer pretensão de conhecimento e sua inserção crítica no mundo – isto em troca de debates escolásticos que são esquecidos pelos ouvintes tão logo que levantam de suas cadeiras em eventos ou congressos. Por isso, a pilha de textos que pode estar sujeita à transformação da forma de matéria do papel em cinza, sem que haja grande prejuízo para a humanidade. Entretanto, destacamos uma colocação prática de Bento Prado Jr. quanto à perspectiva política da filosofia brasileira. Segundo ele, “Nas “atmosferas” só se tornam visíveis e descritíveis quando já não são ‘vividas’ sem distância e iniciam o seu eclipse” (PRADO JÚNIOR, 2000, p. 171, grifo nosso).
Referências
ADORNO, T. Dialética negativa. Tradução de Marco Casanova. Revisão técnica Eduardo Neves Rio de Janeiro: Zahar, 2009.
ADORNO, T. Estudos sobre a personalidade autoritária. Tradução de Carlos Henrique Pissardo, Francisco Lopez Toledo Correa e Virginia Helena Ferreira da Costa. São Paulo: UNESP, 2019.
CRISÓSTOMO, José de Souza. A Filosofia como coisa civil (numa perspectiva histórica ad-hoc). Disponível em: http://www.jcrisostomodesouza.ufba.br/filosofia_como_coisa_civil.html. Acesso em 29 out. 2024.
LÊNIN, Vladímir. O que fazer?. São Paulo: Boitempo, 2020.
PINZANI, Alessandro. Neoliberalismo como doctrina ética. Erasmus, v. 21, p. 137-156, 2019.
PRADO JÚNIOR, Bento. Alguns Ensaios: Filosofia, Literatura e Psicanálise. São Paulo: Paz e Terra, 2ª edição, 2000.
NUNES, Rodrigo. Eleições mostram esquerda diante de enigmas que podem devorá-la. Folha de São Paulo, ano 104, n. 34.993, 26 out. 2024. Opiniões, p. B1.
SAFATLE, Vladimir (Org.); DUNKER, Christian (Org.); Silva, Nelson (Org.). Neoliberalismo como gestor do sofrimento psíquico. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2021. 350p.
Notas
[1] O neoliberalismo é, acima de tudo, uma forma de vida produtora de sofrimento psicosocial. Ele representa, noutras palavras, aquele que o gera e o gerencia “Pois o sofrimento psíquico é não apenas produzido, mas também gerido pelo neoliberalismo. Por isso, cabe compreender o neoliberalismo como uma forma de vida nos campos do trabalho, da linguagem e do desejo” (SAFATLE; SILVA; DUNKER, 2021, p. 6).
[2] Isso recaí, ao nosso ver, em falsos dilemas que visam deslegitimar o filosofar enquanto atividade laboral: a filosofia tem alguma utilidade a sociedade? Esta disciplina – para quem acredita nesta mentira –não é nada senão a reprodução da “ideologia de gênero” que “doutrina” as pessoas? O que de produtivo (ou concreto) faz um filósofo? Como se sabe, numa sociedade onde o motor integrativo é uma mistura assustadora de busca pela sobrevivência miníma com o desejo irreal de prosperidade econômica imediata através do empreendedorismo, não há motivo para existir a filosofia. Fazer filosofia só se justifica, na verdade, se você empreendê-la: é vender cursos, manuais de rápida leitura, fazer reels e monetizar suas redes sociais, atuar em think tanks supremacistas, fazer palestras ou lives relacionado a temas fantasiados pela extrema direita e assim por diante.
[3] Falamos, para quem ainda tem dúvidas, de Olavo de Carvalho. Figura pública intelectualmente bem articulada e de “carisma retórica”, que por anos transitou nas sucursais jornalísticas burguesas formadoras da opinião pública, este deixou um legado ainda pouco conversado por nós, a saber, que a filosofia institucionalizada é um desperdício intelectual – e de recursos públicos - e uma afronta moral a sociedade brasileira.
[4] Segundo Alessandro Pinzani, o neoliberalismo, mais do que uma ideologia ou escola econômica, é uma doutrina ética uma vez que “que as razões do seu sucesso entre os eleitores e as pessoas “normais” se encontrarão precisamente no seu conteúdo ético. Os neoliberais têm uma ética, isto é, eles têm uma concepção do que deveria ser uma vida boa, e é aquela concepção que atrai tanta gente” (PINZANI, 2019, p. 139).
[5] Para brevemente resumir o que é o fascismo, retomemos a obra Estudos sobre a personalidade autoritária: “O termo 'fascista' (distinto do pseudodemocrático, que seria potencial fascista) é usado aqui para caracterizar qualquer um que expresse hostilidade aberta em relação a grupos de minorias e endosse o uso da força quando 'necessário' para suprimir tais grupos; e que defende explicitamente um governo 'forte' para proteger o poder dos negócios contra demandas de sindicatos e grupos políticos progressistas - até o ponto de suprimi-los pela força" (p.822). Assim, muitas das opiniões, valores e atitudes que aparecem implícitos nos pseudodemocráticos são explicitamente afirmados pelos fascistas. Não são disfarçados o ódio, nem o ataque aos princípios de igualdade e muito menos a hipótese de aniquilação de minorias e da própria democracia. O supereu dos fascistas é considerado especialmente externalizado, seguindo o princípio de prazer e não de realidade. Eles são tomados por uma defesa anti fraqueza compulsiva, além de sofrerem de falta de responsabilidade por si próprios, um tipo de alienação do eu que produz cinismo” (ADORNO, 2019, pp. 65 - 66)
[6] Um breve diagnóstico desta ordem pode ser lido no artigo escrito por Rodrigo Nunes e divulgado pelo jornal Folha de São Paulo, Eleições mostram esquerda diante de enigmas que podem devorá-la.
[7] Parafraseamos, neste caso, Vladimir Lênin em O que fazer?. Escreveu ele: “A consciência política de classe não pode ser levada ao operário senão do exterior, isto é, de fora da luta econômica, de fora da esfera das relações entre operários e patrões. A única esfera em que se pode obter estes conhecimentos é na esfera das relações de todas as classes e camadas com o Estado e o governo, na esfera das relações de todas as classes entre si. Por isso, à pergunta: “que fazer para levar conhecimentos políticos aos operários?”, não se pode dar unicamente a resposta com que se contentam, na maioria dos casos, os militantes dedicados ao trabalho prático, sem falar já dos que pendem para o “economismo”, ou seja: “Há que ir aos operários.” Para levar aos operários conhecimentos políticos, os sociais-democratas devem ir a todas as classes da população, devem enviar para toda a parte destacamentos do seu exército” (LÊNIN, 2020, p. 93).
[8] Textos como Racismo e o cânone filosófica, escrito por Leonardo Rennó (2021), O que é a história feminista da filosofia?, escrito por Nastassja Pugliese (2021) e Pode o projeto de resgate redefinir a filosofia, escrito por Natalia Mendes (2024) apresentam algumas reflexões acerca deste tema.
[9] Podemos ver isso, por exemplo, no opúsculo Filosofia como coisa civil, de José Crisóstomo de Souza. Argumenta ele: “O “entre nós” e o “civil” da filosofia (com que começamos este texto) não significam necessariamente um determinado pensamento engajado, ou uma filosofia nacional ou de “terceiro mundo”. A filosofia sendo civil, já será sempre suficientemente “engajada” e “nossa”, aberta ao que é nosso e a tanta coisa de língua portuguesa. Muito menos se trata aqui de qualquer idéia de uma filosofia única, no conteúdo ou no modo de fazer, aquela que nos caberia, sem pluralismo e na verdade sem filosofia: um pensamento fechado, uma doutrina. Ao contrário, o modo civil da filosofia, como um certo viés, não impõe nenhum conteúdo, comporta uma pluralidade de linhas de trabalho, e coexiste ainda, ecumenicamente, com tantas outras […] Nem é inteiramente isolada do mundo, da vida da sociedade, da cultura e do conhecimento, desinteressada do seu tempo e do seu meio, e voltada exclusivamente para o passado, para dentro de si mesma e da academia” (SOUZA, 2005).