O labirinto imaginário: trilhas filosóficas numa caminhada bachelardiana

Ano 14 nº 28 2022 • Argumentos: Revista de Filosofia (UFC)

Autor: Gabriel Kafure da Rocha

Resumo:

O presente trabalho se destina a tratar a relação entre o imaginário e a genealogia mitológica do labirinto. É a partir do tratamento das ideias da tragédia e da epopeia de Aristóteles n’A poética e da análise do labirinto no cotejo de Além do Bem e do Mal de Nietzsche, bem como de A lógica do Sentido, Mil Platôs volume 5 de Deleuze que chegaremos ao labirinto em A terra e os devaneio do repouso de Bachelard no qual iremos desdobrar aspectos imaginários dessa estrutura da natureza e da linguagem. A ideia do labirinto parte de um lócus que seja ao mesmo tempo a prisão e a libertação, desdobrando-se num paradoxo mitológico-arquitetônico tal qual proposto por Dédalo. Nesse sentido, nos valemos da análise de que todo labirinto tem uma dimensão do inconsciente que se desdobra sobre a maneira como nós enxergamos a realidade e praticamos a própria filosofia. Sendo assim, elevando e universalizando a história de Teseu e o Minotauro podemos dizer que esta se desvela como um arquétipo de uma experiência ancestral, de uma iniciação à maneira como o ser humano encontra a si mesmo perante os seus medos ou monstros internos. Deriva daí a relação da arquitetura justamente com a Hybris enquanto obstáculos epistemológicos ou mesmo físicos das construções humanas, ou seja, de como o tempo, clima, a natureza enfrenta e confronta a maneira do ser humano construir o seu habitar ontológico na terra. Esperamos assim trazer como resultados um espelhamento funcionalista da consciência humana como imagem que vai do labirinto dos calabouços da emoção até as torres do castelo imaginário da razão.

Abstract:

The present work is intended to deal with the relationship between the imaginary and the mythological genealogy of the labyrinth. It is from the treatment of the ideas of tragedy and epic Aristotle in Poetics and the analysis of the labyrinth in the comparison of Nietzsche's Beyond Good and Evil, as well as Deleuze's Logic of SenseThousand Plateaus volume 5, that we will reach the labyrinth in Bachelard's Earth and Reveries of Repose in which we will unfold imaginary aspects of this structure of nature and language. The idea of ??the labyrinth starts from a locus that is at the same time prison and liberation, unfolding in a mythological-architectural paradox as proposed by Daedalus. In this sense, we used the analysis that every labyrinth has a dimension of the unconscious that unfolds on the way we see reality and practice our own philosophy. Thus, elevating and universalizing the story of Theseus and the Minotaur, we can say that it reveals itself as an archetype of an ancestral experience, an initiation into the way human beings find themselves in the face of their fears or internal monsters. Hence, architecture's relationship with Hybris derives precisely as epistemological or even physical obstacles to human constructions, that is, from how time, climate, nature face and confront the way human beings build their ontological dwelling on earth. Thus, we hope to bring as results a functionalist mirroring of human consciousness as an image that goes from the labyrinth of the dungeons of emotion to the towers of the imaginary castle of reason.

ISSN: 1984-4255

DOI: https://doi.org/10.36517/Argumentos.28.1

Texto Completo: http://periodicos.ufc.br/argumentos/article/view/78002

Palavras-Chave: Mito. Arquétipo. Herói.

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