Sobre o que é propriamente humano na Ética nicomaqueia

Ano 14 nº 28 2022 • Argumentos: Revista de Filosofia (UFC)

Autor: Juliana Santana

Resumo:

Neste artigo, temos a intenção de averiguar o que a Ética nicomaqueia propõe como sendo propriamente humano, dentre os usos da capacidade de razão, qual poderia ser configurado como tal, definindo especificamente o homem. A pergunta surgiu a partir da observação que o tratado às vezes descreve o homem como animal político, às vezes salienta seu aspecto racional, porém, sem associar ou dissociar abertamente essas duas características. Constatamos uma dupla especificação não relacionada no tratado, mas fortemente atrelada à capacidade racional da alma e seus usos prático e teorético. Sendo assim, propomos a pesquisa acerca do que pode ser propriamente humano a partir do que a Ética indica sobre a razão. Para tanto, iniciamos com observações dos primeiros Livros, especialmente do Livro I, porque ali vemos destacado que o homem é naturalmente político, mas também os primeiros traços da discussão sobre a razão humana. Seguimos com a pesquisa mais detida do Livro VI e o que este apresenta sobre as relações e dissenções dos dois tipos de razão, bem como de suas virtudes. Depois, visitamos as linhas do Livro X, em sua segunda metade, que ora enfatiza o uso teorético da razão e a vida de contemplação, ora indica as impossibilidades de se viver plenamente deste modo, reforçando a importância da pesquisa proposta e trazendo elementos cruciais para a resposta que procuramos.

Abstract:

In this paper we intend to investigate what the Nicomachean Ethics proposes as being properly human, which of the uses of the capacity of reason could be configured as such, specifically defining man. The question arose from the observation that the treatise describes man sometimes as a political animal, sometimes its rational aspect is highlighted, however, without openly associating or dissociating these two characteristics. We found a double specification not related in the treatise, but strongly linked to the capacity of the rational soul and its practical and theoretical uses. Therefore, we propose a research concerning what is properly human from what the treatise indicates regarding reason. Therefore, we begin with observations of the first Books, but especially Book I, because there we see highlighted that man is naturally political, but also the beginning of the discussion about reason. We continue with more detailed research of Book VI and what it presents regarding the relations and dissensions of the two types of reason, as well as their virtues. Afterwards, we visit the lines of Book X, in its second half, that sometimes emphasizes the theoretical use and the life of contemplation, sometimes indicates the impossibilities of living fully in this way, reinforcing the importance of the proposed research and bringing us crucial elements to the answer we are looking for.

ISSN: 1984-4255

DOI: https://doi.org/10.36517/Argumentos.28.2

Texto Completo: http://periodicos.ufc.br/argumentos/article/view/78535

Palavras-Chave: Propriamente humano. Razão prática. Razão teorética.

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