Franz Brentano e as crises filosóficas nas quatro fases da sua história

Ano 15 nº 29 2023 • Argumentos: Revista de Filosofia (UFC)

Autor: Evandro Brito

Resumo:

Este trabalho analisa a polêmica "teoria das quatro fases da filosofia", tal como foi publicada por Franz Brentano em 1895, com o propósito de apresentar o papel das crises filosóficas no interior do movimento histórico-filosófico ocidental. Descrevemos, primeiramente, o modo como Brentano assume a clássica divisão da história em três períodos (antigo, medieval e moderno), para subdividir cada um desses períodos em quatro movimentos filosóficos distintos (movimento filosófico de interesse puro, movimento filosófico de interesse prático, movimento filosófico cético e movimento filosófico místico). Nossa análise explicitará que, segundo a tese principal ali defendida por Brentano, (a) os movimentos filosóficos se sucedem no interior de cada período histórico em função de uma crise intrínseca ao próprio processo histórico da filosofia e (b) o que define a crise filosófica é o modo como cada um dos movimentos filosóficos, constituintes da segunda, terceira e quarta fases, diferem do movimento filosófico constituinte da primeira fase. Como conclusão da nossa análise, defenderemos que os pressupostos históricos filosóficos brentanianos da sua "4ª tese de Habilitação" são os critérios fundamentais da filosofia ascendente encontrados nos métodos de Aristóteles, Tomas de Aquino, Bacon e Descartes. Em outras palavras, sustentaremos que se tratava, para Brentano, de reconhecer em tais métodos filosóficos o seu poder de sustentar aquele tipo de percepção capaz de garantir evidência ao conhecimento, pois esse seria o modo de evitar que a filosofia (i) substituísse seu interesse teórico pelo interesse prático, (ii) se entregasse ao ceticismo, ou ainda, (iii) sucumbisse ao misticismo.

Abstract:

This paper analyzes the controversial "theory of the four phases of philosophy," as published by Franz Brentano in 1895, in order to present the role of philosophical crises within the Western historical-philosophical movement. We first describe how Brentano takes the classical division of history into three periods (ancient, medieval, and modern) in order to subdivide each of these periods into four distinct philosophical movements (pure interest philosophical movement, practical interest philosophical movement, skeptical philosophical movement, and mystical philosophical movement). Our analysis will make explicit that, according to the main thesis defended there by Brentano, (a) philosophical movements succeed each other within each historical period as a function of a crisis intrinsic to the historical process of philosophy itself and (b) what defines the philosophical crisis is the way in which each of the philosophical movements, constituent of the second, third, and fourth phases, differ from the philosophical movement constituent of the first phase. As a conclusion to our analysis, we will argue that the Brentanian philosophical historical presuppositions of his "4th habilitation thesis" are the fundamental criteria of ascending philosophy found in the methods of Aristotle, Thomas Aquinas, Bacon, and Descartes. In other words, we maintain that it was a matter, for Brentano, of recognizing in such philosophical methods their power to sustain that kind of perception capable of guaranteeing evidence to knowledge, for this would be the way to prevent philosophy from (i) replacing its theoretical interest with practical interest, (ii) giving itself over to skepticism, or even, (iii) succumbing to mysticism.

ISSN: 1984-4255

DOI: https://doi.org/10.36517/Argumentos.29.7

Texto Completo: http://periodicos.ufc.br/argumentos/article/view/81380

Palavras-Chave: Franz Brentano. História da filosofia. Crise.

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