A facticidade do para-outro na perspectiva do olhar e da vergonha

Ano 16 nº 31 2024 • Argumentos: Revista de Filosofia (UFC)

Autor: Carlos Henrique Carvalho Silva

Resumo:

O presente artigo tenciona compreender a experiência primordial da existência do Outro, apresentada por Jean-Paul Sartre na terceira parte de O ser e o nada. Para que o nosso intento seja efetivamente compreendido, organizamos esta leitura em três momentos devidamente articulados. No primeiro momento é essencial esclarecer como o filósofo francês delimitou o problema do solipsismo como obstáculo constituído pelas filosofias realistas e idealistas que de uma forma geral vai negar as condições de possibilidade da existência do outro, bem como, a descrição crítica que vai questionar a permanência das teorias solipisistas na contemporaneidade legada por Husserl, Hegel e Heidegger. A partir desta crítica iremos conduzir nossa leitura ao segundo momento que consiste em estabelecer a compreensão da existência do Outro mostrando como este aparece e afeta a vida cotidiana do sujeito, sobretudo, porque o Outro requer a presença de um corpo e uma consciência distinta do sujeito. No último momento, daremos ênfase a interessante abordagem do olhar e da vergonha, este sentimento original que despe a consciência de qualquer certeza de que se encontra isolada no mundo. Assim, a experiência da vergonha passa a ser compreendida como desvelamento da consciência do sujeito que se percebe “invadida” pelo olhar do Outro efetivando, assim, a existência do outro na relação concreta.  

Abstract:

This article aims to understand the primordial experience of the existence of the Other, presented by Jean-Paul Sartre in the third part of Being and Nothingness. In order for our intention to be effectively understood, we have organized this reading into three duly articulated moments. In the first moment, it is essential to clarify how the French philosopher delimited the problem of solipsism as an obstacle constituted by realist and idealist philosophies that generally deny the conditions of possibility for the existence of the other, as well as the critical description that questions the permanence of solipsistic theories in contemporary times, bequeathed by Husserl, Hegel and Heidegger. From this critique, we will lead our reading to the second moment, which consists of establishing an understanding of the existence of the Other, showing how it appears and affects the subject’s daily life, above all because the Other requires the presence of a body and a consciousness that is distinct from the subject’s. In the last moment, we will emphasize the interesting approach to the gaze and shame, this original feeling that strips the consciousness of any certainty that it is isolated in the world. Thus, the experience of shame comes to be understood as the unveiling of the subject’s consciousness, which perceives itself as “invaded” by the gaze of the Other, thus making the Other’s existence in the concrete relationship effective.

ISSN: 1984-4255

Texto Completo: http://periodicos.ufc.br/argumentos/article/view/92080

Palavras-Chave: Outro. Solipsismo. Olhar. Vergonha. Sartre.

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