Será a semelhança das maçãs vermelhas uma entidade adicional às maçãs?

Ano 5 n°10 2013 • Argumentos: Revista de Filosofia (UFC)

Autor: Domingos Faria

Resumo:

O meu objetivo com este artigo é examinar algumas respostas ao desafio levantado por Bertrand Russell ao nominalismo de semelhanças. O desafio consiste na alegação de que o nominalismo de semelhanças não pode explicar a relação de semelhança entre particulares sem postular um universal de semelhança e se insistir em evitar postular uma tal entidade adicional, então cairá numa regressão viciosa ao infinito. As tentativas de replicar ao desafio são, por um lado, defender que a regressão ao infinito não é viciosa e, por outro lado, advogar que nem sequer existe regressão ao infinito - assim, o nominalista de semelhanças continuaria justificado em não postular uma entidade adicional além dos particulares. Porém, estas duas respostas ao desafio, concretamente nas versões de Armstrong (1989) e de Rodriguez-Pereyra (2002), não me parecem plausíveis e, por isso, estou intuitivamente inclinado a aceitar a argumentação de Russell, exceto no passo em que defende que se aceitamos um universal de semelhança, não teríamos justificações para não aceitar os restantes universais. Penso que temos razões para ficar apenas com um universal de semelhança (sobretudo por motivos de economia ontológica). Mas antes de apresentar o desafio de Russell e de examinar as respostas, é pertinente começar com uma contextualização do problema dos universais.

Abstract:

My aim in this paper is to survey some replies to the challenge raised by Bertrand Russell to resemblance nominalism. The challenge consists in the claim that resemblance nominalism can’t explain the relationship of resemblance between particulars without postulating one universal of resemblance, and if you insist in avoiding postulate such additional entity, then you will fall into a vicious infinite regress. The attempts to deal with the challenge are, on the one hand, to hold that infinite regress isn’t is not vicious and, on the other hand, to hold that there is not an infinite regress at all – thus, the resemblance nominalist would continue justified in not postulating one additional entity beyond particulars. However, these two answers to the challenge, namely in the versions of Armstrong (1989) and Rodriguez-Pereyra (2002), do not seem sound to me, and, to that extent, I’m intuitively willing to accept Russell’s arguments, except what concerns the step in which he argues that if we accept one universal of resemblance, then we would not have any justifications for not accepting the other universals. I think that we have reasons to stay only with one universal of resemblance (mainly by reasons of ontological economy). But before presenting Russell’s challenge and surveying the answers, it is relevant to begin with a contextualization of the problem of the universals.

ISSN: 19844255

Texto Completo: http://periodicos.ufc.br/argumentos/article/view/19034

Palavras-Chave: Problema do Universais. Nominalismo de Semelhanças. Regressão ao Infinito.

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