O enigma da visão: as possibilidades do corpo na fenomenologia de Merleau-Ponty
Ano 11 n°21 2019 • Argumentos: Revista de Filosofia (UFC)
Autor: Solange Aparecida de Campos Costa
Resumo:
Este trabalho examina a questão do olhar na obra de arte a partir da ontologia. Investiga, a princípio, os pressupostos que, desde Platão, tornaram a imagem (eidos) um elemento filosófico por excelência. A abordagem se separa da filosofia platônica e da noção de olhar como epistême e leva a discussão para o âmbito da fenomenologia de Merleau-Ponty, que pensa e compreende a realidade pelo olhar num duplo significado, que vê a si mesmo e também é visto por ele. A obra de arte, nesse âmbito, não é apenas um objeto que revela algo a ser contemplado, mas entrevê e cria o próprio mundo no qual o homem ganha o sentido. O texto segue o fio condutor da ontologia da obra de arte, enquanto encaminha o pensar para a busca do lugar e da importância da arte, que se revela originariamente como habitação poética do próprio homem. O olhar na arte não apenas descortina algo, mas na própria ação de ver, funda o mundo poético para o homem. A visão tem, nesse processo, um papel fundamental porque transfigura sob novos aspectos o mundo a nossa volta e permite que o homem passe também a ser entendido de outro modo a partir disso. A questão do olhar não se restringe às limitações do corpo, mas ao contrário, dota o próprio corpo de uma possibilidade renovada de ver que, ao mesmo tempo, afirma e transpõe a limitação do sensível. Para tematizar essas questões o artigo se divide em três tópicos: o primeiro trata brevemente da importância do olhar na mitologia grega; o segundo, expõe a concepção clássica do olhar na filosofia e o terceiro, discute a possibilidade de um olhar fenomenológico evocado pela arte.
Abstract:
This paper examines the issue of looking at the work of art from the ontology. In the beginning investigates the assumptions which, since Plato, made the image (eidos) a philosophical element for excellence. The approach separates from the platonic philosophy and the notion of look like episteme and takes the discussion to the scope of the phenomenology of Merleau-Ponty, who thinks and understands the reality by looking in a double meaning that sees himself and is also seen by him. The art of work, in this context, is not just an object that reveals something to be contemplated, but emerging and creates its own world where the man makes sense. The text follows the idea of the ontology of the work of art, while driving the thinking for the search of the place and importance of art which is originally as poetic dwelling of the man. The look in art not only reveals something, but in its own action of view, founds the poetic world. In this process, the vision has a key role because transformed under new aspects the world around us and allows the man to pass also to be understood differently from that. The issue of look is not restricted to the limitations of the body, but instead endows the body of a renewed possibility view that, at the same time, states and transposes the sensitive restriction. For pursuing these issues the article is divided into three topics: the first treats briefly of the importance of looking in Greek mythology; the second exposes the classic look on the philosophy and the third discusses the possibility of a phenomenological gaze evoked by art.
ISSN: 19844255
Texto Completo: http://periodicos.ufc.br/argumentos/article/view/41044
Palavras-Chave: Merleau-Ponty. Olhar. Fenomenologia. Este?tica. Obra de arte.
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