Reflexões sobre o Eu na teoria freudiana limites de aproximações entre Kant e Freud

v. 24 n. 2 (2019) • Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade

Autor: Munique Gaio Filla

Resumo:

O presente artigo visa tanto a possibilidade de compreender a relação entre Freud e Kant, quanto a de determinar certos limites dessa aproximação, a partir da comparação proposta por Béatrice Longuenesse entre o Ich freudiano e a unidade transcendental da apercepção kantiana. Visto que tal comparação é sustentada pela caracterização do Eu de Freud como uma organização de eventos mentais regida pelo princípio de realidade e pelas leis dos processos secundários, será destacado que essa mesma instância psíquica carrega partes inconscientes no sentido dinâmico e traz as marcas do Isso, enquanto aquilo que há de mais irracional na vida psíquica.

Abstract:

The present article aims at both the possibility of understanding the relationship between Freud and Kant, and of determining certain limits of this approximation, from the comparison proposed by Béatrice Longuenesse between Freudian Ich and Kantian transcendental unity of apperception. Since such a comparison is sustained by the characterization of Freud's Ego as an organization of mental events governed by the reality principle and by the laws of secondary processes, it will be emphasized that this same psychic instance carries unconscious parts in the dynamic sense and bears the marks of the Id, while what is most irrational in psychic life.

DOI: DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2318-9800.v24i2p29-52

Palavras-Chave: Eu, Freud, Kant, unidade transcendental da apercepção, inconsciente

Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade

Organizada pelo Grupo de Filosofia Crítica e Modernidade (FiCeM), um grupo de estudos constituído por professores(as) e estudantes de diferentes universidades brasileiras, a revista Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade é uma publicação semestral do Departamento de Filosofia da USP que, iniciada em 1996, pretende estimular o debate de questões importantes para a compreensão da modernidade.

Tendo como ponto de partida filósofos(as) de língua alemã, cujo papel na constituição dessa reflexão sobre a modernidade foi – e ainda é – reconhecidamente decisivo, os Cadernos de Filosofia Alemã não se circunscrevem, todavia, ao pensamento veiculado em alemão, buscando antes um alargamento de fronteiras que faça jus ao mote, entre nós consagrado, da filosofia como “um convite à liberdade e à alegria da reflexão”.