Jogos, poemas, fantasias: a posição da criação em Freud

v. 25 n. 1 (2020) • Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade

Autor: Pedro Fernandez de Souza

Resumo:

Este artigo tenta compreender o papel da poesia em Freud a partir da relação que ela entretém com o processo criativo de um modo geral. Se Freud acaba por aproximar, genética e formalmente, a criação literária dos jogos infantis e das fantasias adultas, a poesia e sua eficácia são quase que reduzidas a uma técnica – que ele, por fim, não consegue capturar com seus conceitos. Assim, numa leitura pormenorizada, não são as semelhanças entre as três classes de produção psíquica que se sobressaem, mas sim essa diferença última e enigmática, importante resíduo proveniente da reflexão freudiana mesma.

Abstract:

This article aims to understand the role of poetry in Freud based upon the relation it has with the creative process in general. If Freud ends up approximating, genetically and formally, the literary creation to the infantile games and the adult fantasies, poetry and its effectiveness are almost reduced to a technique – which he, in the end, cannot capture with his concepts. Thus, in a detailed reading, it is not the similarities between the three psychic productions that stand out, but this ultimate and enigmatic difference, an important residue ensuing from the Freudian reflection itself.

DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2318-9800.v25i1p105-120

Palavras-Chave: Freud, psicanálise, literatura, criação, fantasia

Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade

Organizada pelo Grupo de Filosofia Crítica e Modernidade (FiCeM), um grupo de estudos constituído por professores(as) e estudantes de diferentes universidades brasileiras, a revista Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade é uma publicação semestral do Departamento de Filosofia da USP que, iniciada em 1996, pretende estimular o debate de questões importantes para a compreensão da modernidade.

Tendo como ponto de partida filósofos(as) de língua alemã, cujo papel na constituição dessa reflexão sobre a modernidade foi – e ainda é – reconhecidamente decisivo, os Cadernos de Filosofia Alemã não se circunscrevem, todavia, ao pensamento veiculado em alemão, buscando antes um alargamento de fronteiras que faça jus ao mote, entre nós consagrado, da filosofia como “um convite à liberdade e à alegria da reflexão”.