Kant, história e a ideia de desenvolvimento moral
n. 18 (2011) • Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade
Autor: Pauline Kleingeld
Resumo:
A filosofia da história de Kant tem sido criticada como sendo incompatível com os princípios de sua teoria moral. Para muitos comentadores, a própria ideia de desenvolvimento moral tem sido considerada inconsistente com alguns – ou com todos – os seguintes princípios kantianos fundamentais. Em primeiro lugar, sua noção de desenvolvimento racional tem sido considerada incompatível com a afirmação de que a lei moral é incondicional, e assim, universalmente válida (o problema da validade universal). Em segundo, sua noção de desenvolvimento racional, especialmente a noção de ‘moralização’, parece ir contra a sua tese de que a ação moral é numênica e, assim, atemporal (o problema da atemporalidade). Por fim, a noção de progresso moral parece contradizer a dignidade e a igualdade moral de todos os seres humanos, afirmando que alguns são ‘mais livres’ que outros (o problema da igualdade moral).Neste artigo, eu argumento que as acusações de inconsistência advêm, em grande parte, de uma compreensão insuficiente do modelo de desenvolvimento racional de Kant. Tomando o problema da validade universal como ponto de partida, eu começo examinando no que consistem ‘as disposições para o uso da razão’, e como Kant pensa que elas se desenvolvem no curso da história. Em seguida, eu explico como essa descrição nos permite resolver os dois outros problemas. Termino com a discussão sobre as razões de Kant para admitir que existe progresso histórico.
DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2318-9800.v0i18p105-132
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/filosofiaalema/article/view/64848
Palavras-Chave: Kant, Filosofia da história,Desenvolvimento m
Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade
Organizada pelo Grupo de Filosofia Crítica e Modernidade (FiCeM), um grupo de estudos constituído por professores(as) e estudantes de diferentes universidades brasileiras, a revista Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade é uma publicação semestral do Departamento de Filosofia da USP que, iniciada em 1996, pretende estimular o debate de questões importantes para a compreensão da modernidade.
Tendo como ponto de partida filósofos(as) de língua alemã, cujo papel na constituição dessa reflexão sobre a modernidade foi – e ainda é – reconhecidamente decisivo, os Cadernos de Filosofia Alemã não se circunscrevem, todavia, ao pensamento veiculado em alemão, buscando antes um alargamento de fronteiras que faça jus ao mote, entre nós consagrado, da filosofia como “um convite à liberdade e à alegria da reflexão”.