Filopono de Alexandria e a Crítica ao Conceito de Matéria Prima

Série 3 v. 10 n. 1 • Cadernos de História e Filosofia da Ciência

Autor: Fátima Regina Rodrigues Évora

Resumo:

Objetivo deste artigo é analisar a crítica do cristão neoplatônico João Filopono de Alexandria (490-570) ao conceito aristotélico de matéria prima (protô hylê), entendido como um substrato último do mundo físico. Embora Filopono aparentemente tenha se mantido fiel à teoria aristotélica da matéria até pelo menos 517, data do seu comentário à Física, sua visão é radicalmente alterada a partir de 529, e já no De Aeternitate Mundi, contra Proclum, uma nova e original idéia é desenvolvida, onde Filopono trata a extensão tridimensional (to trikhêi diastaton) como primeiro substrato (prôton hypokeimenon), sujeito último das propriedades, e não mais como a primeira propriedade a ser imposta sobre a matéria prima. Dispensando, portanto, o sujeito com um nível mais baixo, como Filopono supõe encontrar na teoria aristotélica. Este conceito de matéria reaparece no livro IV do tratado De Aeternitate Mundi, contra Aristotelem, obra de maturidade de Filopono. Palavras-chave: Filopono; Aristóteles; matéria prima; extensão tridimensional.

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