Tecnociência e política: Einstein, Bergson e o mundo visto da perspectiva de um raio de luz

Série 3 v. 19 n. 2 • Cadernos de História e Filosofia da Ciência

Autor: Márcio Barreto, Pedro Ferreira

Resumo:

Desde o início da era moderna, tecnociência e política se tornaram cada vez mais indissociáveis, na mesma medida em que aumentou a nossa capacidade de manipular a matéria em um nível inacessível ao senso comum e, no limite, à própria imaginação humana. A experiência do tempo foi particularmente sensível a esse processo. Por um lado, foi dividida entre um tempo quantitativamente mensurável (o tempo-medida) e um tempo qualitativo vivido (o tempo-duração). Por outro lado, este último foi crescentemente reduzido a um tempo psicológico e, portanto,  insignificante para a física, tal como ficou evidenciado na indiferença de Albert Einstein diante do esforço de Henri Bergson para encontrar a metafísica que envolve a teoria da relatividade. Privada de sua metafísica, a teoria se restringiu a uma sofisticada espacialização do tempo que é inacessível à nossa imaginação. Atualizando o significado do tempo na teoria einsteiniana, Bergson buscava ir além daquilo que aqui chamamos de "experiência antropométrica", rumo a outras contrações da duração acima e abaixo da nossa. A contrapartida filosófica do tempo-medida, no entanto, não ecoou com o mesmo vigor dos desdobramentos tecnológicos da Relatividade,  os quais possibilitaram ao homem o controle de quantidades de energia tão grandes quanto pequenos são os núcleos atômicos que as desencadeiam. A ampliação da capacidade humana de ação sobre a matéria para muito além da experiência antropométrica, como já notara Bergson na primeira metade do século XX e como percebemos ainda hoje, não foi acompanhada de um equivalente incremento das reservas de "energia moral".

Texto Completo: https://www.cle.unicamp.br/eprints/index.php/cadernos/article/view/555

Palavras-Chave: Albert Einstein, Henri Bergson, Teoria da Rel

Cadernos de História e Filosofia da Ciência

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