Editorial

V. 14, N. 2 • Conjectura: filosofia e educação

Autor: Flávia Brocchetto Ramos Neires Maria Soldatelli Paviani

Resumo:

A língua se deduz da necessidade do homem de expressar-se, de exteriorizar-se. (BAKHTIN, 2000, p. 289)

 

A Revista Conjectura é uma publicação que completa, em 2009, catorze anos. Surgiu como uma ação do Centro de Filosofia e Educação da Universidade de Caxias do Sul. A partir de 2008, com a implementação do PPGEd/UCS, a revista passou também a pertencer ao Programa, como um veículo que divulga e acolhe reflexões que dialogam com suas linhas de pesquisa. Outras mudanças têm ocorrido visando à qualificação do periódico, como, por exemplo, a circulação de três edições anuais, a publicação impresa, além da online.

O ser humano é um ser de linguagem, constitui-se na e por meio da linguagem. Pode-se afirmar que o ser humano tem outra peculiaridade: pode se transformar, se educar no decorrer da sua existência. Enquanto viver estará em processo de transformação. Pautado nesses dois aspectos da condição humana - linguagem e educação -, o volume 14 da Revista Conjectura elege, como tema desta edição, questões acerca da Educação e da Linguagem.

Que conjecturas se podem fazer a partir das relações estabelecidas entre Educação e Linguagem? A resposta a essa questão norteia os artigos que compõem esta publicação, elaborada a partir de ementa que visou a orientar a chamada de artigos.

Esta edição da revista, portanto, é constituída de artigos, entrevistas e resenhas focalizando a temática eleita. Os artigos estão organizados em três eixos: a) letramento: os desafios do ensino; b) a formação do leitor literário; e c) mediação literária: propostas de oralização.

O primeiro eixo da revista - Letramento: os desafios do ensino - é composto por seis artigos. O primeiro "Apropriação da linguagem, escrita e ensino" focaliza a apropriação da linguagem escrita no processo de alfabetização, pela apresentação de resultados de pesquisa realizada pela Profa. Dra. Cláudia Maria Mendes Gontijo (UFES). Reflexões acerca do processo ensino-aprendizagem na compreensão do texto escrito, da Profa. Dra. Onici Claro Flôres (Unisc) e da mestranda Aline E. Pereira (Unisc) é o segundo artigo, cujo título é "O ensino e aprendizagem da compreensão do texto escrito". A mestranda Gislaine Gracia Magnabosco (UEM), em "Hipertexto e gêneros digitais: modificações no ler e escrever?", discute uma das modalidades de leitura e escrita presentes na contemporaneidade. A sistematização de uma experiência com o ensino de Língua Materna no Ensino Superior é apresentada pela Profa. Neiva Maria Tebaldi Gomes (UniRitter), no texto "Produção de narrativa e autoria". O registro e experiências também é a proposta apresentada no artigo "Oficinas pedagógicas: relato de uma experiência", da Profa. Dra. Neires Maria Soldatelli Paviani (UCS) e da profa. Ms. Niura Maria Fontana (UCS). O último artigo desse bloco atém-se a questões ligadas à linguagem matemática e à Língua Portuguesa, a partir de estudos da mestranda Edi Jussara Candido Lorensatti (UCS), no artigo "Linguagem matemática e Língua Portuguesa: diálogo necessário na resolução de problemas matemáticos".

Formação do leitor literário é o foco do segundo eixo da revista. As professoras Dra. Renata Junqueira de Souza (Unesp) e Dra. Cyntia Graziella Guizelim Simões Girotto (Unesp) abrem esse bloco com o artigo "Da leitura escolarizada à leitura literária: a trajetória na formação do leitor", a partir de investigação realizada com estudantes do Ensino Fundamental. A Profa. Dra. Eliane Santana Dias Debus (Unisul) e a bolsista Margarida Cristina Vasques (Unisul), no texto "A linguagem literária e a pluralidade cultural: contribuições para uma reflexão étnico-racial na escola", têm como meta dar visibilidade às leituras literárias, destinadas aos públicos infantil e juvenil, que enfatizem o tema étnico-racial. A Profa. Dra. Cecil Jeanine Albert Zinani (UCS) realiza um estudo de gênero a partir da obra O mágico de Oz, no artigo "Literatura e gênero: vetores para a formação do leitor". Ainda tendo como foco o gênero, a Profa. Dra. Salete Rosa Pezzi dos Santos (UCS) escreve "Literatura infantil e gênero: subjetividade e autoconhecimento", que estuda a personagemnarradora da obra Bisa Bia, Bisa Bel, de Ana Maria Machado.

Como as obras só ganham sentido pela leitura, e a leitura literária pressupõe um processo mediador, o terceiro eixo da revista trata da Mediação literária: propostas de oralização. "Reflexões sobre a contação de histórias: uma proposta para integrar oralidade, leitura e escrita", do Prof. Dr. Felipe Gustsack (Unisc) e das mestrandas Ana Luisa Brandt (Unisc) e Juliana Feldmann (Unisc), procura apresentar contribuições da contação de histórias para o desenvolvimento das linguagens nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. "Vamos cantar histórias?", da Profa. Dra. Leila Mury Bergmann (UFRGS) e da Profa. Maria Cecília A. R. Torres (IPA), apresenta possibilidades de abordagens que envolvam literatura infantil e músicas. "Contação de história: uma análise da escolha de histórias em um recorte de experiências gaúchas", escrito pelo Prof. Dr. Edgar Roberto Kirchof (Ulbra) e pela Profa. Dra. Rosa Maria Hessel Silveira (Ulbra), discute relatos de observação de contação de histórias na região metropolitana de Porto Alegre. E, por último, "Jornadinhas de Literatura de Passo Fundo formando leitores - em foco a 4ª. Jornadinha", da Profa. Dra. Fabiane Verardi Burlamaque (UPF) e da Profa. Ms. Adriana Röhrig, analisa o papel das Jornadinhas de Literatura na formação de leitores de 10 anos de idade.

Esta edição contém, ainda, duas entrevistas que contemplam o tema proposto: a da Profa. Dra. Irandé Antunes (UEC) que, em visita à Universidade de Caxias do Sul, concedeu à revista acerca do ensino de Língua Portuguesa, discorrendo sobre repercussões e políticas ligadas ao Ensino undamental. E também, com passagem pela UCS, por ocasião do V Siget, a do Prof. David Russel (Universidade de Iowa - EUA), entre várias atividades, concedida à Conjectura, abordando peculiaridades do ensino de língua, com enfoque na produção textual, na formação universitária.

O último segmento da revista é formado por três resenhas de publicações contemporâneas. As obras, História da organização do trabalho escolar e do currículo no século XXensino primário e secundário no Brasil; Competência discursiva e gêneros textuais: uma experiência com o jornal de sala de aula; Como usar a biblioteca na escolaum programa de atividades para a Pré- Escola e o Ensino Fundamental, são resenhadas, respectivamente, pelas mestrandas do PPGEd/UCS, Roseli Maria Bergozza e Deline Farenzena e pela bolsista da Fapergs Nathalie Vieira Neves.

Texto Completo: http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/issue/view/4/showToc

Conjectura: filosofia e educação

O escopo da revista é incentivar a investigação e o debate acadêmico acerca da Educação e da Filosofia em seus diversos aspectos, prestando-se como um instrumento de divulgação do conhecimento. Para tal, busca qualificar-se continuamente, observando os critérios indicados pelo Qualis/Capes: publicação mínima de 18 artigos por volume, dos quais 60% de autores vinculados a pelo menos 4 instituições diferentes da que edita a revista com indicação da afiliação institucional. Em cada número publicado, pelo menos 1 artigo será proveniente do exterior.meuip.co