Apresentação

V. 17, N. 3 • Conjectura: filosofia e educação

Autor: Everaldo Cescon

Resumo:

O presente número da revista Conjectura: filosofia e educação reúne oito artigos que versam sobre as mais diferentes questões da ética.
O primeiro texto, de Wanderley J. Ferreira Júnior, intitula-se Condições de possibilidade para o pensar e o agir ético: a experiência da diferença e do outro. Analisa o caráter da experiência de pensamento e a exigência de ruptura com uma determinada imagem do pensamento consolidada pela própria tradição filosófica e por nossa prática como professores de filosofia e sujeitos éticos. Efetua uma crítica à ética universal e à ideia de sujeito universal que lhe é subjacente num contexto em que se proclama a morte do sujeito.
No texto seguinte, os professores Luiz Síveres e Paulo Giovanni Rodrigues de Melo colocam em evidência uma proposta sobre educação e os respectivos pressupostos para que ela aconteça no sujeito, tendo como referência a pedagogia da hospitalidade com base na filosofia da alteridade em Levinas. Nesse caso, a educação não é vista a partir do movimento do eu em direção ao Outro, mas o contrário. Precisamente o Outro assume o protagonismo pedagógico já que o eu se abre à possibilidade de acolhida do Outro sem nenhum critério preestabelecido de forma assimétrica.
No texto Noções introdutórias sobre a ética das virtudes aristotélica, Idalgo J. Sangalli e Jaqueline Stefani apontam à necessidade de compreender adequadamente os conceitos principais da ética aristotélica, a fim de poder indicar possíveis contribuições para o debate em torno da necessidade de uma formação moral e ética nos ambientes educativos. "Saber viver", para além do conhecimento científico e mesmo do conhecimento do bem, significa desenvolver habilidades de deliberar bem, de escolher acertadamente o rumo da vida, visando sempre ao melhor dos bens: a felicidade. Isso exige entender a estrutura e as funções das partes anímicas responsáveis pelo ato moral da proposta aristotélica, cuja tarefa da filosofia prática é ensinar a "agir bem" e tornar os homens bons e virtuosos e, consequentemente,verdadeiros cidadãos.
Educação moral: a busca da excelência a partir de virtudes aristotélicas e a formação do educador, escrito por Talita Carneiro Gader Safa e Samuel Mendonça, coloca em relevo a necessidade do cultivo de virtudes para a construção da excelência moral do homem. Se a educação moral exerce algum papel na formação da personalidade humana, então é preciso examinar que virtudes são efetivamente necessárias para o  desenvolvimento do caráter do homem. Os autores defendem que a educação moral, tal como a temos concebido, possibilita a construção da autonomia do educando, para que ele se torne um cidadão emancipado, independente, crítico e, antes, autocrítico. O objetivo principal é compreender a excelência humana a partir do  desenvolvimento de virtudes aristotélicas, especialmente a justiça e a amizade, com vistas aos desafios que se colocam aos educadores.
O estudo Ética da libertação de Enrique Dussel: caminho de superação do irracionalismo moderno e da exclusão social, de Ivanilde Apoluceno Oliveira e Alder Sousa Dias, reflete sobre a relação entre o eu e o outro no campo social, debatendo a questão da exclusão social. A partir da ética dusseliana, analisam criticamente o discurso eurocêntrico moderno e a possibilidade de superação do irracionalismo moderno por meio da razão críticolibertadora.
O texto seguinte, Pensando a ética na perspectiva das formas simbólicas de Ernst Cassirer, de Vladimir Fernandes, analisa se a denominada "ampliação" que Cassirer realizou da epistemologia kantiana pode ser estendida à esfera moral, ou seja, se há um paralelo entre o problema epistemológico e a moral em Kant, e se Cassirer explora o problema epistemológico por outra perspectiva.
Ciência e ética: uma nova formulação do imperativo categórico como princípio da responsabilidade em Hans Jonas é um texto de Antônio Carlos de Souza, Fábio Antônio Gabriel e Odirlei Silva de Souza no qual os autores fazem uma análise epistemológica e observam as principais causas, os fatores e motivos que levaram o Planeta ao desequilíbrio ecológico e social. Para reverter esse cenário de grande destruição, de questionamentos e incertezas, analisam a ética de Hans Jonas como substituta de todo o arcabouço conceitual da ética tradicional e postuladora de novos valores e conceitos.
tamar Soares Veiga é o autor do último texto: Sobre a distinção argumentativa entre a área da lógica e a ética. É uma investigação que trata das diferenças entre a lógica e a ética. Para tal, o investigador inicialmente comparou cada área às ciências e buscou o processo argumentativo como um fator principal de diferenciação. Isso se expressa mais diretamente no problema de pesquisa, que visa a investigar se as diferentes áreas filosóficas também possuem diferentes processos de argumentação. A relevância do texto se encontra na identificação de determinadas tem-ses entre as áreas filosóficas. O resultado mostra que os diferentes conteúdos tratados por distintas áreas filosóficas exercem um efeito importante sobre os processos argumentativos.
Completam este número a resenha de Paulo Tiago Cardoso Campos da obra Estudo de caso: uma estratégia de pesquisa, de Gilberto de Andrade Martins, e a resenha de Juliane Scariot da obra História da ética, de Henry Sidgwick.

Texto Completo: http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/issue/view/109/showToc

Conjectura: filosofia e educação

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