ECOS DE UMA FUTURA PROFESSORA: MEMÓRIAS DA FORMAÇÃO EM PÁGINAS DE CADERNOS DO CURSO COMPLEMENTAR (1934–1936) // DOI: 10.18226/21784612.V24.E019006

V. 24 (2019) • Conjectura: filosofia e educação

Autor: Dóris Bittencourt Almeida, Julia Poletto

Resumo:

O presente artigo toma como objeto de análise cadernos produzidos por Romana Bragatti, entre os anos de 1934 a 1936, estudante do Curso Complementar do Colégio São José, localizado em Caxias do Sul/RS. O estudo investiga esses suportes de escrita, suas materialidades e enunciados, na tentativa de compreender os usos dos artefatos e os discursos constitutivos da formação docente. Como respaldo teórico, são referenciados António Viñao Frago (2008), Castillo Gómez (2012) e Jean Hébrard (2001), autores que trabalham com a história da cultura escrita, exploram aspectos gráficos, apontam para caminhos metodológicos e sinalizam possibilidades de produção historiográfica em torno desses dispositivos. Por meio desses aportes, a pesquisa busca contribuir com a análise desses artefatos da cultura escolar e expressar caminhos de investigação para quem se arrisca a desenvolver pesquisas inscritas nessas perspectivas. Como escrituras disciplinadas, cadernos escolares, em tese, não permitem a expressão da espontaneidade dos escreventes, entretanto, alguns registros produzidos pela aluna, aparentemente sutis, realçam transgressões sobre esse material e sobre o processo de escolarização que vivenciava, possibilitando perceber marcas da autora. Os assuntos que comparecem nesses cadernos versam sobre temas de “História Universal” e de “Pedagogia”, saberes considerados importantes para a formação das estudantes, apresentados descritivamente. Especialmente o Caderno de Pedagogia, para além da descrição, manifesta também um caráter explicativo/prescritivo, constituindo-se, supostamente, em referência de leitura, notadamente de orientação teórica e metodológica. Ao examiná-los, observa-se uma espécie de mimetização dos manuais escolares vigentes. Infere-se que as alunas copiavam textos desses manuais, que eram ditados ou exibidos no quadro-negro pelo professor, considerando o pouco acesso aos livros naquela temporalidade. Em relação ao Caderno de Pedagogia, o que mais se destaca são, por um lado, indicativos de códigos de conduta moral considerados adequados à professora, em conformidade ao processo de feminilização da docência naquele contexto. Por outro, percebem-se indícios de que a futura professora esteve em contato com o escolanovismo, que instituía a Pedagogia em bases científicas, enfatizando a importância da Psicologia Experimental.

Texto Completo: http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/article/view/6128

Palavras-Chave: Cadernos escolares, Cultura escrita,Escola No

Conjectura: filosofia e educação

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