Política Pública e Sofrimento: Possíveis Associações

v.32 n.66 set./dez. 2018 • Educação e Filosofia

Autor: Luiz Alberto Ribeiro Rodrigues

Resumo:

DUNKER, Christian. Reinvenção da Intimidade – Políticas do sofrimento cotidiano. São Paulo: Ubu Editora, 2017. 320p. ISBN: 978-85-92886-46-2

Não é comum encontrar psicanalistas que abordem questões em torno do desenvolvimento de políticas sociais. No entanto, é isso que se pode encontrar nesta obra de Dunker, um experiente profissional da área, que enfrenta esse debate, disposto a defender que as políticas sociais, incluindo a área da educação, devem ser uma resposta, um enfrentamento aos dramas coletivos, mesmo que originados em experiências individuais de sofrimento.

          Nesta obra, Dunker investiga a origem de diferentes formas de sofrimento e as associa às dificuldades que o indivíduo tem, na atualidade, em criar experiências de compartilhamento de si com o outro. Uma de suas teses é que no contexto da sociedade moderna digital, consumista e obcecada pela produtividade, as políticas de sofrimento não são apenas psicológicas, mas também sociais e econômicas e nesse sentido produzem impacto direto na organização do espaço público, na formulação, no desenvolvimento e no sentido de suas políticas.

          O texto, constituído de 49 breves ensaios, situa o leitor sobre aspectos da intimidade privada e sua repercussão na vida pública. Enfatiza os sentidos políticos que vão assumindo alguns processos de individualização da vida contemporânea, a partir de experiências de sofrimento, apresentado como um dilema atual e, de certo modo um diferencial, a condição de “sofrer juntos” ou de “sofrer separados”. Apresenta a solidão como um tipo sofrimento característico desse nosso tempo, resultado de um processo de escolha individual, intencional e deliberada, em detrimento do valor da vida em grupo, da experiência comunitária de trabalho, ou mesmo de defesa de um ideal coletivo. O contexto do luto é um bom exemplo de quanto a solidão marca o nosso tempo. A indiferença, a falta de audiência para fatos vividos por uma vítima de estupro na guerra, por exemplo, ou para quem escapou de um campo de concentração e não encontra espaço ou alguém interessado em ouvir sua história.

ISSN: ISSN Impresso: 0102-6801 e ISSN Eletrônico: 1982-596X

DOI: https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v32n66a2018-14

Texto Completo: http://www.seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/42593

Palavras-Chave: Sofrimento e Política. Política Educacional. Modernidade.

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