Qual herança da modernidade? Uma crítica ao universalismo como critério normativo e projeto cosmopolita

v.31 n.62 maio/ago. 2017 • Educação e Filosofia

Autor: Leno Francisco Danner

Resumo:

A cultura europeia moderna possui, na teoria da modernidade de Habermas, duas características especiais e correlatas, secularização das instituições e subjetividade reflexiva, que viabilizariam a constituição de processos de socialização-subjetivação não-etnocêntricos e não-egocêntricos, garantidores do universalismo e instauradores da democracia e dos direitos humanos como o seu cerne. Critico esta posição, acusando-a de apresentar uma cegueira histórico-sociológica e uma romantização do racionalismo que o idealiza e o separa dos processos colonizatórios desenvolvidos desde a Europa, pondo-o como independente em relação a eles, de modo a servir como paradigma avaliativo dos contextos particulares e base para um processo integrativo em nível cosmopolita. Defenderei que o universalismo epistemológico-moral, ao colocar a racionalização como a chave para a maturidade das culturas e para a realização de um projeto cosmopolita, leva diretamente à deslegitimação dos saberes e das práticas mítico-tradicionais, abrindo espaço à modernização travestida de colonização cultural e globalização econômica.  

Abstract:

according to Habermas' theory of modernity, European culture has two special and related characteristics, institutional secularization and reflexive subjectivity, which would enable the constitution of processes of non-ethnocentric and non-egocentric socialization-subjetivation, guaranteeing universalism and establishing democracy and human rights as its basis. I criticize habermasian position, accusing it of having a historical-sociological blindness and performing a romanticization of rationalism that idealize and separate it of the colonization process developed since Europe, placing it as independent of economic-cultural colonization, in a way to serve of evaluative paradigm of particular contexts, as basis to a cosmopolitan integrative project. I will defend that epistemological-moral universalism, in the moment it putts the rationalization as key to the maturity of the cultures and of a cosmopolitan integrative project, leads directly to delegitimation of mythical-traditional knowledge and practices, opening a free way to modernization travestied of cultural colonization and economic globalization. 

ISSN: Impresso: 0102-6801 e Eletrônico: 1982-596X

DOI: https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v31n62a2017-p1191a1226

Texto Completo: http://www.seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/32148

Palavras-Chave: Habermas; Modernidade; Racionalismo; Universalismo; Herança.

Educação e Filosofia

A Revista Educação e Filosofia mantida pela Faculdade de Educação e pelo Instituto de Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia e seus respectivos programas de pós-graduação tem como propósito o incentivo à investigação e ao debate acadêmico acerca da educação e da filosofia em seus diversos aspectos, prestando-se como um instrumento de divulgação do conhecimento especialmente dessas duas áreas. Está indexada em 11 repertórios nacionais e internacionais e atualmente está avaliada no Qualis da CAPES com estrato A2.