A educação do homem interior: o cultivo da vontade em Agostinho de Hipona

v.35 n.73 jan./abr. 2021 • Educação e Filosofia

Autor: Daiane Costa; Angelo Cenci

Resumo:

O estudo aqui apresentado tem como objetivo principal a investigação da formação humana nas obras filosóficas Comentários Literal ao GênesisA Trindade e O livre-arbítrio, de Agostinho de Hipona. Para isso, aborda-se a noção da antropologia do referido autor; a sua compreensão de corpo e alma (dimensão humana no homem animal) e, por último, objetiva-se explicitar alguns pressupostos de uma educação do ser humano orientada a uma boa formação da vontade. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, exploratória e de caráter hermenêutico. Agostinho concebe a ideia de homem como um ser dotado de corpo e alma. A alma, quando bem formada, pode conduzir os indivíduos à vida com sabedoria e, portanto, a uma beata vita. A vontade é o que movimenta toda as outras dimensões do ser humano e, por isso, ela deve ser bem formada. A educação da vontade, para o pensador, consiste em realizar o jogo de utilizar os objetos que servem de meio para algo e fruir ou contemplar aquilo que é fim em si mesmo. A vontade humana difere do que se passa no reino animal e é capaz de guiar bem o homem, concedendo-lhe minimamente uma relação de desprendimento com a matéria. Conclui-se, a partir dessas linhas mestras do pensamento do autor, que a ética agostiniana ao mesmo tempo que estabelece princípios para o bem agir e lograr uma vida feliz, exige, para isso, um processo formativo que consiste na educação da vontade, uma vez que Agostinho compreende-a como livre em si, isto é, como autodeterminante, ela pode voltar-se por si àquilo que é presença constante, isto é, a objetos de foro contemplativo e afastar-se, tanto quanto possível, dos ditames de uma vida submetida ao mundo material. 

Abstract:

El estudio aquí presentado tiene como objetivo principal la investigación de la formación humana en las obras filosóficas Comentarios Literal al Génesis, La Trinidad y El Libre-Arbitrio, de Agostinho de Hipona. Así, se trata la noción y antropología del referido autor, su comprensión de cuerpo y alma (dimensión humana en el hombre animal) y, por último, se objetiva explicitar algunos supuestos de una educación del ser humano orientada a una buena formación de la voluntad. Es una investigación bibliográfica, exploratoria y de carácter hermenéutico. Agostinho concibe la idea de hombre como un ser dotado de cuerpo y alma. El alma, cuando bien formada, puede conducir los individuos a la vida con sabiduría y, por lo tanto, a una beata vita. La voluntad es lo que conduce todas las otras dimensiones del ser humano y, de esta manera, ella debe de ser bien formada. La educación de la voluntad, para el pensador, supone realizar el juego de utilizar los objetos que sirven como medio para algo y fruir o contemplar aquello que tiene fin en sí mismo. La voluntad humana es distinta de lo que se pasa en el reino animal y es capaz de guiar bien el hombre, le permitiendo mínimamente una relación de desprendimiento con la materia. Se concluye, desde esas líneas maestras del pensamiento del autor, que la ética agostiniana al tiempo que establece principios para el bien actuar y lograr una vida feliz, exige, para eso, un proceso formativo que consiste en la educación de la voluntad, una vez que Agostinho la comprende como libre en sí, es decir, como auto determinante, ella puede volverse a lo que es presencia constante, o sea, volverse a objetos de foro contemplativo y aislarse, tanto como sea posible, de los dictados de una vida sometida al mundo material.   

ISSN: Eletrônico: 1982-596X

DOI: https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v35n73a2021-53046

Texto Completo: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/53046

Palavras-Chave: Formação; Vontade; Cultivo; Santo Agostinho; Alma.

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