HEGEL SOBRE O FUTURO, HEGEL NO FUTURO

Vol. 05, N. 09 (2020) • Eleuthería - Revista do Curso de Filosofia da UFMS

Autor: Slavoj Zizek; Marcus Vinicius Quessada Apolinário Filho; Gérson Pereira Filho

Resumo:

O ponto que quero defender é o de que Hegel é o filósofo mais aberto ao futuro, precisamente porque ele proíbe explicitamente qualquer projeto que diga como o nosso futuro deve parecer. Como ele diz ao fim do prefácio de sua Filosofia do Direito (1820), a filosofia só consegue pintar “cinza no cinza”, e “a coruja de Minerva apenas alça seu voo ao cair do crepúsculo”. Isto é, a filosofia só traduz retrospectivamente, num esquema conceitual “cinza” (sem vida), uma forma de vida que já atingiu seu pico e entrou em declínio - que está se tornando "cinza" ela mesma. Para colocar de forma curta e grossa, este é o porquê devemos rejeitar todas essas leituras de Hegel que veem em seu pensamento um modelo implícito de uma sociedade futura reconciliada consigo mesma, deixando para trás as alienações da modernidade. Chamo os que fazem essa leitura de 'ainda-não-hegelianos'.

Abstract:

The claim I want to defend is that Hegel is the philosopher most open to the future precisely because he explicitly prohibits any project of how our future should look. As he says towards the end of the Preface to his Philosophy of Right (1820), philosophy can only paint ‘grey on grey’, and “The owl of Minerva begins its flight only with the falling of dusk.” That is, philosophy only retrospectively translates, into a ‘grey’ (lifeless) conceptual scheme, a form of life which has already reached its peak and has entered its decline – which is becoming ‘grey’ itself. To put it simply and brutally, this is why we should reject all those readings of Hegel which see in his thought an implicit model of a future society reconciled with itself, leaving behind the alienations of modernity. I call those readers the ‘not-yet-Hegelians’.

ISSN: 2527-1393

Texto Completo: https://periodicos.ufms.br/index.php/reveleu/article/view/12208

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