DA AÇÃO À CONDIÇÃO: o condicionamento humano e a alienação moderna em Hannah Arendt

Vol. 06, N. 11 (2021) • Eleuthería - Revista do Curso de Filosofia da UFMS

Autor: Jade Oliveira Chaia

Resumo:

Na obra A Condição Humana (1958), Hannah Arendt estabelece como questão fulcral o que estamos fazendo? Ela não propõe uma resposta, mas uma reconsideração da própria condição humana sob o ponto de vista da experiência moderna. A obra tem um “duplo voo”: da terra para o espaço e do mundo para dentro do ser humano. O diagnóstico: com o desaparecimento do espaço público, a esfera política se fragilizou, e a autora indica que uma nova esfera surgiu, a do social. A atividade política passou a ser considerada uma atividade como qualquer outra, isto é, passou a ter o status de mera atividade voltada para a necessidade e a manutenção da própria vida humana, e a atividade do trabalho [labor] assumiu sua posição. Nesse sentido, o ser humano passa a ser visto como um animal laborans, um indivíduo que trabalha para garantir o sustento, e cuja condição primária se reafirma cada vez mais como um processo biológico, ou seja, volta-se exclusivamente para a sua sobrevivência e para o consumo dos desejos do seu corpo. Essa figura se torna o paradigma da era moderna. Consequentemente, o domínio privado expande-se e há uma exacerbação desse domínio no público. O prognóstico, portanto, é que vivemos em uma sociedade de operários, posto que na virada do século XVII para o XVIII os valores foram subvertidos; o que passa a definir o ser humano enquanto humano é a atividade do trabalho.

Abstract:

In The Human Condition (1958), Hannah Arendt establishes as a central issue the question what are we doing? She does not propose an answer, but a reconsideration of the human condition itself from the point of view of the modern experience. The work has a “double flight”: from earth to space and from the world to the human being. The diagnosis that, with the disappearance of the public space, the political sphere has become weak, indicates by the author that a new sphere has emerged, that of the social. Political activity started to be considered an activity like any other, that is, it started to have the status of a mere activity focused on necessity and on the maintenance of human life itself, and the activity of labor took its position. In this sense, the human being starts to be seen as an animal laborans, an individual who works to guarantee self-survival, and whose relation to his primary condition is increasingly reaffirmed as a biological process, that is, he turns exclusively to his survival and to the consumption of his body's desires. This figure becomes the paradigm of the modern era. Consequently, the private domain expands itself and there is an exacerbation of that domain in the public sphere. The prognosis, therefore, is that we live in a workers’ society, given that at the turn of the seventeenth to the eighteenth century the values were subverted, letting the activity of work define the human being as a human being.

ISSN: 2527-1393

Texto Completo: https://periodicos.ufms.br/index.php/reveleu/article/view/13637

Palavras-Chave: Condição Humana. Alienação. Trabalho. Hannah Arendt.

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