Sobre autoencenação e autogenealogia no Crepúsculo dos ídolos de Nietzsche

v. 5 n. 2 Jul./Dez. 2014 • Estudos Nietzsche

Autor: Jorge Luiz Viesenteiner

Resumo:

O artigo tem por objetivo analisar o sentido da autoencenação filosófica e da práxis autogenealógica no Crepúsculo dos ídolos de Nietzsche. Trata-se do procedimento filosófico – e simultaneamente autogenealógico – que consiste na mostração (autodeixis) de si mesmo, por meio de uma estratégia em que o filósofo transforma a si mesmo na figura de pensamento ‘Nietzsche’. À base desse procedimento está o conceito de distância entendido em dois horizontes: 1) como hierarquia conquistada por meio da abundância de vida, e que consiste em uma visão geral oriunda dessa abundância e que dá a possibilidade de se distanciar do seu próprio tempo e, a partir dessa posição distanciada, poder “auscultar ídolos”; 2) como diferenciação da diferenciação, um procedimento crítico consiste em reconhecer em sua própria diferença conceitos, filósofos, tradições filosóficas e culturas, para depois tomar distância e diferenciar a si mesmo em relação àquilo que foi diferenciado pelo próprio Nietzsche. Esses horizontes de distanciamento exercem a função de lente de aumento por meio da qual Nietzsche converte a si mesmo em instância argumentativa (autoencenação), quanto também compreende melhor a si mesmo (autogenealogia).

Abstract:

The article has the objective of analysing the meaning of phylosophical self-staging and the praxis of self-genealogy in the The Twilight of the Idols by Nietzsche. It entitles the philosophical procedure – and self-genealogical, simultaneously – consisting in the presentation (autodeixis) of self, through a strategy in which the philosopher transforms himself in the figure of the thought ‘Nietzsche’. At the foundation of this procedure lies the concept of distance, comprehended by two horizons: 1) as hierarchy achieved through the abundance of life, consisting in a general overview arising from this abundance and which gives the possibility of distancing from its own time, and from this distanced position, being able to “sounding out idols”; 2) as distinguishing from distinguishing, a critical procedure which consists in recognizing concepts, philosophers, philosophical traditions and cultures in their own difference, and then to distance and to distinguish the self in relation to what was distinguished by Nietzsche himself. These distancing horizons function as the magnifying lenses through which Nietzsche converts himself into an argumentative instance (self-staging), as well as better understanding himself (self-genealogy).

Texto Completo: http://www2.pucpr.br/reol/index.php/ESTUDOSNIETZSCHE?dd1=15305&dd99=view

Palavras-Chave: autoencenação,Autogenealogia,.Distância,Figur

Estudos Nietzsche

A revista Estudos Nietzsche é uma publicação semestral do Grupo de Trabalho Nietzsche (GT-Nietzsche) da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF) em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Sua proposta, alinhada à ideia que levou à criação do GT-Nietzsche, é incentivar a investigação e o debate sobre a contribuição do pensamento de Nietzsche, bem como a sua articulação com questões da atualidade. Para tanto, leva a público artigos sobre o pensamento do filósofo alemão, traduções de textos inéditos, bem como apresentações (resenhas) de obras recentes relevantes sobre Nietzsche, constituindo-se num ambiente de debate para pesquisadores especialistas da filosofia nietzschiana e numa fonte privilegiada para estudiosos interessados no pensamento do filósofo alemão. Os textos publicados seguem o exigido rigor filosófico e metodológico no que diz respeito ao tratamento dos escritos do filósofo alemão, observando aspectos como a inserção em determinados debates já estabelecidos, o atual estágio das pesquisas sobre o tema trabalhado, a periodicidade dos textos empregados do filósofo, bem como o uso de material fidedigno e já submetido à crítica, no que diz respeito às fontes, fragmentos póstumos, cartas, etc.