IMPOSSIBILIDADE DA RENÚNCIA DO USO PÚBLICO DA RAZÃO EM HANNAH ARENDT

V. 14 N. 2 Maio-Agosto de 2017 • Kalagatos - Philosophical Journal

Autor: Edimar Brígido; Fábio André Santos Muniz; Fátima Raquel Szinwelski

Resumo:

O artigo pretende revisitar a definição de uso público da razão e a impossibilidade da sua renúncia segundo Hannah Arendt com base em elementos que ela identificou na obra: “Eichmann em Jerusalém, um relato sobre a banalidade do mal”. Para tanto, apresenta uma breve evolução do conceito ético-políti-co de razão e seu uso de Sócrates até o Ilu-minismo e aponta a ligação do pensamento de Arendt ao de Kant, para identificar a am-pliação que ela faz da análise do uso da fa-culdade de julgar desenvolvida por ele. Isso porque a visão oitocentista da faculdade de julgar se mostrou insuficiente para explicar os efeitos históricos que a renúncia ao uso público da razão acarreta para a civilização a partir do fim do século XIX até os dias de hoje. Isso por força da escalada dos geno-cídios e massacres do período. Para isso, colheu-se dados históricos, literários e de reflexões de autores, cujo pensamento é próximo ao de Arendt e recorreu-se a outras obras da autora, tudo para ilustrar e explicar que a escalada genocida e dos massacres se dá em consonância com o crescimento das sociedades de massa industrial e pós--industrial. A conclusão a que se chega é de que a renúncia à faculdade de julgar deri-vada do modelo econômico e social atual e leva a uma aporia: uma contraditória amea-ça à vida em nome da vida.

Abstract:

This article aims to revisit the definition of ‘public use of reason’ and the impossibility to renounce it, according to Hannah Arendt, based on elements that she identified in the work Eichmann in Jerusalem, A Report on the Banality of Evil. To that end, it presents a brief evolution of the ethical and political concept of reason and its use from Socrates to the Age of Enlightenment. It also shows the connection between Arendt’s and Kant’s thinking in order to identify the expansion she makes on the analysis of the use of the capacity to judge, further developed by him. In fact, that is because the 18th-century view on the capacity to judge proved itself unab-le to explain the historic effects that the re-nouncement to the public use of reason has brought onto civilization since the late 21st century to date. And that is partly due to the escalation in the magnitude of genocides and massacres in that period. Historic and literary data have been collected, as well as authors’ reflections whose thinking is close to Arendt’s, while other works by her have also been analyzed in order to illustrate and demonstrate that the escalation in genocide and massacre is consonant to the growth of industrial mass- and post-industrial societies. The conclusion is that the renouncement to the capacity to judge deriving from the cur-rent economic and social model leads us to an aporia: a contradictory menace to life in the name of life.

ISSN: 1984-9206

Texto Completo: https://revistas.uece.br/index.php/kalagatos/article/view/6262

Palavras-Chave: Política; Ética; Renúncia; Faculdade de julgar; Uso público da razão

Kalagatos - Philosophical Journal

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