LIBERDADE E O LIBERALISMO COMO RAZÃO GOVERNAMENTAL: UM PERCURSO DO NASCIMENTO DA BIOPOLÍTICA EM MICHEL FOUCAULT

V. 14 N. 2 Maio-Agosto de 2017 • Kalagatos - Philosophical Journal

Autor: Fábio Abreu dos Passos

Resumo:

Ao nos debruçarmos sobre as aulas minis-tradas por Michel Foucault no Collège de France entre os dias 10 e 24 de janeiro do ano de 1979, as quais compõem, juntamen-te com outras aulas, o curso intitulado Nas-cimento da Biopolítica, nos deparamos com exposições sistemáticas acerca do liberalis-mo, o qual é definido como uma nova arte de governar no século XVIII. É a partir da des-crição foucaultiana do liberalismo enquanto uma “razão governamental”, que produz e consome liberdades, que o autor pode po-sicioná-lo na nascente da biopolítica, pois é através da frugalidade do governo, da li-berdade econômica, do poder pastoral e das técnicas normatizadoras, que o liberalismo racionalizará os problemas propostos à prá-tica governamental, tais como saúde, higie-ne, natalidade, no intuito de subjetivar os in-divíduos, de majorar as forças vitais. Diante do exposto, algumas questões podem ser fomentadas: seria a liberdade um dos pri-meiros alvos de fomento e adestramento da biopolítica? Estariam no cerne da biopolítica mecanismos deturpadores de um verdadei-ro sentido da liberdade? Esvaziar as carac-terísticas agonísticas da liberdade é uma prerrogativa do liberalismo? Assim, o objeti-vo central do presente artigo é analisar o li-beralismo enquanto lócus do nascedouro da biopolítica na perspectiva foucaultiana, uma vez que este se configura como fabricante, consumidor e direcionador de liberdades.

Abstract:

As we look over the lessons taught by Michel Foucault at the Collège de France between January,10 and January,24 in 1979, which constitute, together with other lessons, the course entitled the Birth of Biopolitics, we come across systematic exhibitions about liberalism, which is defined as a new art of governing in the 18th century. It is based on Foucault’s description of liberalism as a “governmental reason”, that produces and consumes freedom, which is positioned by the author as a biopolitics source, since it is through the thrift of government, econo-mic freedom, the power of pastoral care and the ruling techniques , that liberalism will ra-tionalize the problems proposed to the go-vernment practice, such as health, hygiene, birth, in order to turn human beings into in-dividuals, to increase the vital forces. Given the above, some questions can be fostered: would freedom be one of the first targets of promotion and training of biopolitics? Would there be in the heart of the biopolitics corrup-ted mechanisms of a true sense of freedom? Draining the agonistic characteristics of free-dom is a prerogative of liberalism? Thus, the main objective of this article is to analyze the liberalism as the locus of biopolitics birth pla-ce under Foucault’s perspective, since this is configured as a manufacturer, consumer and a director of freedoms.

ISSN: 1984-9206

Texto Completo: https://revistas.uece.br/index.php/kalagatos/article/view/6274

Palavras-Chave: Biopolítica; Liberalismo; Liberdade; ?Razão governamental?

Kalagatos - Philosophical Journal

"kalagatos"

Kalagatos - Philosophical Journal - edited and maintained by the Master's Degree in Philosophy (CMAF) of the State University of Ceará (UECE), Brazil.e-ISSN: 1984-9206

A Kalagatos é uma revista científica, de conteúdo filosófico, editada e mantida pelo Curso de Mestrado Acadêmico em Filosofia – CMAF – da Universidade Estadual do Ceará. O objetivo principal da Kalagatos é criar um canal de divulgação de pesquisas filosóficas de alto nível, assim como estabelecer um intercâmbio entre pesquisadores de diversas instituições do mundo.

A Kalagatos recebe artigos originais, frutos de pesquisa filosófica, resenhas de livros publicados até dois anos anteriores à data de submissão e traduções de textos, com autorização escrita do autor ou do editor responsável.

Todas as submissões são gratuítas, não gerando nenhum custo ao autor.

O público principal da Kalagatos é de pesquisadores em Filosofia Geral. A política de acesso livro, no entanto, amplia o público para estudantes de diversas áreas interessados e curiosos.

A partir de 2017, a Kalagatos passa a ser publicada quadrimestralmente, nos meses de janeiro, maio e setembro, referentes, respectivamente, aos números de janeiro-abril, maio-agosto e setembro-dezembro. Assim, a periodicidade da Kalagatos é registrada da seguinte forma: a) cada volume corresponde a um ano de periodicidade ininterrupta. Cada Número corresponde, ordinalmente, à sequência de edições publicadas naquele ano.