“QUEM TEM RAZÃO, KANT OU STENDHAL?” UMA REFLEXÃO SOBRE A CRÍTICA DE NIETZSCHE À ESTÉTICA DE KANT

Kriterion, v. 54, n. 128 (2013) • Kriterion: Revista de Filosofia

Autor: João Constâncio

Resumo:

O artigo é uma reflexão sobre o modo como, na “Genealogia da Moral”, Nietzsche repensa “o problema estético” a partir da oposição entre a concepção kantiana do belo como predicado de um juízo “desinteressado” e a concepção stendhaliana do belo como efeito de uma “cristalização” e uma “promessa de felicidade”. A chave do pensamento de Nietzsche neste contexto está no conceito de “embriaguez” (Rausch), por um lado, como termo-chave para designar a “pré-condição fisiológica” da arte, mas, por outro, como um processo de espiritualização dos instintos ou das pulsões que as interioriza e intensifica. Esta espiritualização distingue-se da contemplação desinteressada porque não nos des-afecta e porque é, em grande medida, uma espiritualização da sexualidade, mas não deixa, por isso, de implicar uma reavaliação dos valores e uma ampliação do horizonte do humano. É por isso que a arte pode ser pensada como um “contra-movimento” que afirma a vida e combate o “ideal ascético” e o “niilismo europeu”.

Abstract:

The present article is a reflection on the way how, in “Genealogy of Morals”, Nietzsche rethinks “the aesthetic issue” based on the opposition between Kant’s conception of beauty as a predicate of a “disinterested” judgment and the stendhaliana conception of beauty as the effect of a “crystallization” and a “promise of happiness”. The key to the thought of Nietzsche’s in this context resides on the concept of “intoxication” (Rausch) on the one hand, as a key-term to designate the “pre-physiological condition” of art, but on the other hand, as a process of spiritualisation of the instincts or of the drives, which internalizes and intensifies them. This spiritualization is distinguished from disinterested contemplation for it does not dis-affects us, and because it is by large a spiritualization of sexuality, without renouncing to imply a revaluation of the values and a widening on the horizon of the human. That is why art can be thought of as a “countermovement” that affirms life and fights the “ascetic ideal” and the “European nihilism”.

Texto Completo: http://www.scielo.br/pdf/kr/v54n128/12.pdf

Palavras-Chave: Arte,juízo estético,cristalização,espirituali

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