HEIDEGGER E OS LIMITES DA MATEMATIZAÇÃO NO CONHECIMENTO DOS ORGANISMOS VIVOS HEIDEGGER AND THE LIMITS OF MATHEMATICAL DETERMINATION IN THE KNOWLEDGE OF LIVING ORGANISMS

Kriterion, v. 58, n. 138 (2017) • Kriterion: Revista de Filosofia

Autor: Róbson Ramos dos Reis

Resumo:

No Curso de Inverno de 1928/29, Heidegger afirmou que a matematização irrestrita no conhecimento dos seres vivos resultaria numa falha no propósito de elaborar a ontologia da vida orgânica. No presente artigo, examino as razões que justificam essa concepção. Com base em interpretações das investigações de biólogos como Hans Driesch J. v. Uexküll e Hans Spemann, o argumento de Heidegger integra quatro passos: 1) uma abordagem mereológica do corpo orgânico, concebido como uma unidade funcional de aptidões e intrinsecamente relacionado a um ambiente; 2) uma análise formal da constituição dinâmica das aptidões, cuja estrutura pulsional consiste no atravessamento regulatório de uma dimensão; 3) uma interpretação do princípio de unificação das aptidões em termos da aptidão para comportar-se com algo em um ambiente. Esta argumentação leva a duas conclusões gerais: a matematização irrestrita implica uma descrição mecânica que supõe a desconsideração da determinação modal dos organismos; a estrutura dimensional, regulatória e protointencional das aptidões orgânicas é o fator limitante da matematização da vida.

Abstract:

In the Winter Course of 1928/29, Heidegger declared that an unrestricted mathematical determination in the knowledge of living beings would imply a failure in the purpose of developing the ontology for organic life. In this paper, I examine the reasons that justify this idea. Based on interpretations of biological researches carried by Hans Driesch, J. v. Uexküll and Hans Spemann, Heidegger’s argument has three steps: 1) a mereological account of the organic body, which is conceived both as a functional unity of capabilities and as intrinsically related to an environment; 2) a formal analysis of the dynamic constitution of capabilities, which instinctually driven structure is a regulatory traversing of a dimension; 3) an interpretation of the unification principle of capabilities, which is conceived as a capability of behaving towards something within an environment. This argument entails two general conclusions: first, the unrestricted mathematical determination implies a mechanical description that presupposes the neglect of the modal structure of organisms; second, the dimensional, regulatory and proto-intentional structure of the organic capabilities is the limiting factor of the mathematical determination of living organisms.

Texto Completo: http://www.scielo.br/pdf/kr/v58n138/1981-5336-kr-58-138-0691.pdf

Palavras-Chave: Heidegger,Spemann,Biologia,Matemática,Ontolog

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