Autor: Emmanuel Falque

Resumo:

Reler o sentido e o teor do argumento de Anselmo à luz de sua vida oferece uma rica perspectiva sobre a famosa fórmula Deus est aliquid quo nihil majus cogitari possit – comumente traduzida: “Deus é algo do qual nada maior pode ser pensado”. Ela só receberá seu verdadeiro sentido para hoje à medida que descrever, por um lado, a experiência comum que se pretende aqui [(I) hermenêutica] e mostrar, por outro lado, o tipo de manifestação que aqui se considera [(II) fenomenologia]. À luz dessa dupla leitura – tanto hermenêutica como fenomenológica – o célebre argumento do Proslogion reencontrará a sua verdadeira relevância para o nosso tempo. Evitando nos restringirmos às suas leituras puramente confessionais (K. Barth, M. Corbin) ou inteiramente laicas (R. Roques, P. Vignaux, A. de Libera, K. Flash, etc.), convém, ao contrário, devolver-lhe o seu teor “teofânico”, para que possa ser visto por uns e outros através do prisma de uma experiência vivida, seja ela apenas conceitual ou também religiosa. Há mística na filosofia pura e simples, se a estendermos a um tipo de experiência que nos envolve por completo.

Abstract:

This paper re-reads the meaning and tenor of Anselm's argument in light of his life, which offers a rich perspective on the famous formula Deus est aliquid quo nihil majus cogitari possit – commonly translated, "God is something of which nothing greater can be thought". It will only receive its true meaning for today as it describes the common experience that is intended here [(I) hermeneutics] and shows the kind of manifestation that is considered here [(II) phenomenology]. In the light of this double reading - hermeneutic and phenomenological - the celebrated argument of the Proslogion will again find its true relevance for our time. Avoiding the restriction to its purely confessional (K. Barth, M. Corbin) or entirely secular (R. Roques, P. Vignaux, A. de Libera, K. Flash, etc.) readings, it is convenient to give it back its "theophanic" content, so that it can be seen by all through the prism of a lived experience, be it only conceptual or also religious. There is mysticism in philosophy pure and simple, if we extend it to a kind of experience that involves us completely.

ISSN: 2448-2390

DOI: https://doi.org/10.20873/rpv7n1-29

Texto Completo: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/perspectivas/article/view/14563/20282

Palavras-Chave: Anselmo de Cantuária. Insipiente. Hermenêutica. Fenomenologia. Comunalidade.