PARA QUE PRECISAMOS DO CONTEÚDO DISJUNTIVO?

vol. 10, n. 2 (2005) Filosofia da Linguagem • Philósophos: Revista de Filosofia - Revista UFG

Autor: Ernesto Perini-Santos

Resumo:

A idéia que existe um conteúdo comum à percepção e à mera aparência da percepção parece natural: ter uma ilusão não é outra coisa senão ter uma experiência que é subjetivamente indistingüível da percepção, e isto pode ser explicado pela identificação do conteúdo comum aos dois casos. Contra a postulação de um estado mental comum à percepção e à ilusão, alguns autores como P. Snowdon e J. McDowell propuseram uma teoria disjuntiva do conteúdo sensorial. Se um sujeito tem a impressão de perceber algo, ou bem ele percebe de fato, ou é para ele como se ele percebesse. Se esta teoria evita um estado mental “disponível para a experiência nos casos em que há engano e naqueles em que não há engano” (McDowell), o recurso à concepção disjuntiva do conteúdo não é necessário para tanto. Apresento três argumentos contra a teoria disjuntiva da percepção. O primeiro argumento é que não é certo que a teoria disjuntiva possa ser útil na explicação da experiência perceptiva, tanto do ponto de vista da primeira pessoa, quanto do ponto de vista da terceira pessoa. Em seguida, ela não é uma teoria estável do conteúdo perceptivo. Ao considerarmos o desenrolar da experiência no tempo, o interesse de um conteúdo disjuntivo parece bem menos claro, os membros da disjunção vão rapidamente se distinguir. Finalmente, parece-me que a consideração de alguns aspectos da diferença entre a percepção efetiva e pelo menos alguns casos de ilusão perceptiva sugerem um outro caminho para explicar como a percepção nos põe em contato com o mundo.

ISSN: 1982-2928

DOI: https://doi.org/10.5216/phi.v10i2.2825

Texto Completo: https://www.revistas.ufg.br/philosophos/article/view/2825/2868

Palavras-Chave: percepção,conteúdo disjuntivo,objetividade,Jo

Philósophos: Revista de Filosofia - Revista UFG

A Revista Philósophos publicou seu primeiro exemplar em 1996. Desde então temos tido como objetivo publicar material bibliográfico inédito e argumentativo na área de filosofia e promover o debate filosófico. Os trabalhos publicados pela Philósophos são sempre de autores dedicados a Pesquisa em Filosofia e que sejam doutores nessa área no Brasil e no exterior. A publicação é semestral, sob a responsabilidade da Faculdade de Filosofia (FAFIL) e do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de Goiás. A submissão dos artigos deve ser feita em resposta a chamadas temáticas divulgadas pela revista.