QUALIA E UMWELT

V. 22, N. 30 (2010) • Revista de Filosofia Aurora

Autor: Arthur Araújo

Resumo:

No seu famoso artigo “What is it like to be a bat?” (1974), Thomas
Nagel sustenta que existe um ‘ponto de vista’ característico e inescrutável,
não acessível objetivamente na experiência, que determina
o sentido da própria experiência como evento mental. Entre recentes
teorias filosóficas da mente, eventualmente, a esse elemento subjetivo
correspondem os chamados qualia, i.e., propriedades intrínsecas, qualitativas
ou fenomenais da experiência. Na concepção de Nagel, o ‘ponto
de vista’ estabelece os contornos de distinção entre os aspectos objetivos
e subjetivos referentes à experiência. Em certo sentido, essa distinção
parece próxima ao que o biólogo Jakob von Uexküll ([1934] 1982)
entende ser a distinção entre Umwelt e Innenwelt e que tem motivado
muitos estudos em etologia cognitiva (ALLEN; BEKOFF, 1997, p. 141).
Em particular, por oposição a Innenwelt, ou ‘mundo-interno’, o termo
Umwelt, ou ‘mundo-próprio’, descreve a estrutura cognitiva da experiência
de diferentes organismos desde escalas inferiores (água-viva) a escalas
superiores (ser humano). Procuro mostrar, com efeito, que a noção de
‘mundo-próprio’ descreve objetivamente na organização cognitiva animal
o que Nagel considera ser a característica subjetiva e inescrutável da
própria experiência.

DOI: http://dx.doi.org/10.7213/rfa.v22i30.2215

Texto Completo: https://periodicos.pucpr.br/index.php/aurora/article/view/2215

Revista de Filosofia Aurora

A Revista de Filosofia: Aurora (Qualis A2) é uma publicação quadrimestral do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Vem divulgando, desde 1988, resultados de pesquisas com o intuito de colaborar com a formação e atuação de filósofos e demais profissionais das áreas afins. A Revista de Filosofia Aurora (Journal of Philosophy Aurora) publica artigos científicos, resenhas e entrevistas adotando o processo de revisão (peer review) entre os membros do Conselho Editorial e da comunidade científica especializada, em sistema duplo de revisão anônima (blind review), ou seja, tanto os nomes dos pareceristas quanto os dos autores permanecerão em sigilo.

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