CORPO SEM ÓRGÃOS E A PRODUÇÃO DA SINGULARIDADE: A CONSTRUÇÃO DA MÁQUINA DE GUERRA NÔMADE

V. 29, N. 46 (2017) • Revista de Filosofia Aurora

Autor: Regina Schöpke

Resumo:

Este trabalho tem como objetivo central mostrar como o conceito de corpo sem órgãos, que apareceu, primeiramente, na obra de Antonin Artaud, e que será reativado por Gilles Deleuze e Félix Guattari, está diretamente associado à produção da máquina de guerra nômade. Neste aspecto, é preciso ir mais longe na compreensão do sentido vital, existencial e político deste que não é um conceito propriamente dito, mas um modo de ser, um modo de se produzir e de produzir a existência. “Não é uma noção, um conceito, mas antes uma prática, um conjunto de práticas”, afirmam Deleuze e Guattari. Em um sentido bem estrito, trata-se da produção de um corpo mais pleno, mais vivo, mais intenso, um corpo de resistência para o desejo e para a própria vida, o que só é possível se  desconstruímos o corpo criado para servir docilmente aos poderes do campo social. Só que é aqui que reside o maior de todos os perigos: nem toda desconstrução se converte em criação de um corpo sem órgãos no sentido revolucionário. É preciso que a guerra vá além daquela que se trava contra os órgãos ou contra o organismo (que, aliás, se levada às últimas consequências, como sabia o próprio Artaud, significa simplesmente matar-se). A guerra é pela libertação da vida que foi aprisionada no homem e pelo próprio homem. É contra o niilismo, que nasce da opressão das forças vitais que transformou, por sua vez, nosso corpo e nossa razão em reféns dos poderes estabelecidos. Criar um corpo sem órgãos para si é já fazer parte de um devir nômade libertário, que é, antes de tudo, criador de novos modos de ser, de existir, de viver.

DOI: http://dx.doi.org/10.7213/1980-5934.29.046.AO01

Texto Completo: https://periodicos.pucpr.br/index.php/aurora/article/view/5697

Revista de Filosofia Aurora

A Revista de Filosofia: Aurora (Qualis A2) é uma publicação quadrimestral do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Vem divulgando, desde 1988, resultados de pesquisas com o intuito de colaborar com a formação e atuação de filósofos e demais profissionais das áreas afins. A Revista de Filosofia Aurora (Journal of Philosophy Aurora) publica artigos científicos, resenhas e entrevistas adotando o processo de revisão (peer review) entre os membros do Conselho Editorial e da comunidade científica especializada, em sistema duplo de revisão anônima (blind review), ou seja, tanto os nomes dos pareceristas quanto os dos autores permanecerão em sigilo.

O título abreviado da revista é Rev. Filos. Aurora e deve ser utilizado em bibliografias, referências, notas de rodapé e legendas bibliográficas.