A POLIA: UM ENSAIO SOBRE AS MEDITAÇÕES CARTESIANAS

Inconfidentia v.2, n.3 • Revista de Filosofia Inconfidentia

Autor: BAPTISTA, Mauro Rocha

Resumo:

A intenção deste ensaio é de, seguindo a cadência do poema A polia de George Herbert, desenvolver uma leitura das Meditações sobre a filosofiaprimeirade René Descartes que observe na sequencia de seus argumentos uma contraposição entre o entendimento racional e a experiência. Na primeira estrofe do poema é narrada a criação, a partir deste ponto analisamos a forma com que, ainda inocente, o homem já sente a angústia que o faz optar por se tornar conhecedor do bem e do mal abdicando das experiências paradisíacas. Esta angústia originária é motor da dúvida cartesiana que desenvolveremos na segunda parte comparando-a com o contexto de bênçãos que o homem vivia no paraíso. A terceira estrofe revela a cautela de Deus em entregar o resto-descanso ao homem. Por seu Desassossego, Descartes refunda a subjetividade a partir do cogito. Mas a verdade do cogitoainda é insuficiente e ele, assim como o trecho final do poema faz supor, logo, precisa voltar-se para Deus novamente. Ainda que neste reencontro com Deus o homem não consiga mais recuperar a experiência perdida.

Abstract:

This paper aims to develop a critical reading of René Descartes’s work Meditations on First Philosophywhich observes in the sequence of his arguments a contraposition between rational understanding and experience, following the cadence of the poem The Pulley by George Herbert. In the first strophe of the poem the creation is narrated and from this point we analyze how man, still innocent, feels the dread which makes him to choose to meet the good and the evil, renouncing the paradisiacal experience. This original dread is the motor of the Cartesian doubt, which will be developed in the second part of this paper, by comparing it with the context of blessings which men lived in paradise. The third strophe reveals God’s cautiousness in giving men the rest. Because of the restlessness, Descartes founds again the subjectivity in the cogito. But the truth of thecogitois not enough, as the final part of the poem supposes, so he needs to return to God, even if in this second meeting man cannot recover the lost experience.

ISSN: 2318-8138

Texto Completo: http://inconfidentia.famariana.edu.br/wp-content/uploads/2015/02/3-Artigo4.pdf

Revista de Filosofia Inconfidentia

A Revista de Filosofia InconΦidentia surgiu como veículo de divulgação e incentivo à pesquisa da Faculdade  “Dom Luciano Mendes – DLM”. O nome recebido está relacionado ao fato da instituição se situar na região dos inconfidentes em Minas Gerais – Ouro Preto e Mariana, principalmente. Ela possui caráter filosófico e tem periodicidade de seis meses. O objetivo é tanto divulgar as pesquisas docentes realizadas no sítio da instituição como dialogar com articulistas provenientes de outras instituições de ensino superior da área, sejam nacionais ou estrangeiras. A InconΦidentia recebe artigos originais, frutos de pesquisas filosóficas, resenhas de livros e tradução de textos. 

Sobre os organizadores da Revista de Filosofia InconΦidentia:

EDVALDO ANTONIO DE MELO é doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana (PUG), bolsista Capes (programa DPE), com pesquisa na área da ética. Mestre em História da Filosofia pela mesma Universidade, tendo realizado pesquisa relacionada à ética e à linguagem em Emmanuel Lévinas. Pós-graduação lato-sensu pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP - MG). Bacharel em Teologia pelo Centro de Estudos Superior de Juiz de Fora (CESJF). Bacharel e Licenciado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Diretor Acadêmico, Coordenador do Curso de Filosofia e Professor na Faculdade Dom Luciano Mendes (FDLM / Mariana-MG). Integra o grupo de pesquisa Fenomenologia e genealogia do corpo da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE / Belo Horizonte-MG). Possui experiência docente e de pesquisa no ensino superior e se interessa por questões referentes à ética, à linguagem, à ontologia, à metafísica, à fenomenologia e à literatura. Membro do CEBEL: Centro Brasileiro de Estudos Levinasianos.

MAURÍCIO DE ASSIS REIS é doutor em Filosofia Contemporânea pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em Estética e Filosofia da Arte pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), especialista em Filosofia também pela UFOP e bacharel em Filosofia pela Faculdade Arquidiocesana de Mariana, atual Faculdade Dom Luciano Mendes; sua pesquisa refere-se às relações entre experiência , linguagem e história e seu estatuto na concepção da unidade da obra de Theodor W. Adorno. Atualmente, é Professor Assistente II pela Faculdade Dom Luciano Mendes, atuando no curso de Filosofia; Professor Nível I, Grau A, pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), atuando junto ao Departamento de Ciências Humanas da unidade de Barbacena e nos cursos de Pedagogia e Ciências Sociais; e Professor pela Univiçosa, atuando nas áreas de filosofia e ciências sociais no curso de Direito e na área de bioética nos cursos de Fisioterapia e Odontologia. É autor de “Adorno: estudos sobre experiência e pensamento” e organizador de “Entre o ser e o não-ser”; membro permanente do Grupo de Trabalho (GT) de Teoria Crítica da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF).

CRISTIANE PIETERZACK é doutora em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. É Perita em Magistério Eclesial e Normativa Canônica pelo Studium de Roma (2015). Mestra em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (2013) com especialização em Filosofia Prática. Mestra em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (2009), com ênfase em fenomenologia e hermenêutica. Graduada em Filosofia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2005). Tem experiência de docência universitária e de práxis filosófica. É pesquisadora na área de hermenêutica, ética e ciências da família. É coordenadora do Centro de Estudos sobre a família, da Domus ASF.