ARTE, IMAGEM E DESCONSTRUÇÃO: DERRIDA E O PROBLEMA DA ?RESTITUIÇÃO? DA VERDADE EM PINTURA

Inconfidentia v.5, n.9 • Revista de Filosofia Inconfidentia

Autor: RABELLO, Juliano

Resumo:

O presente artigo busca explorar o procedimento de desconstrução (estética) da imagem realizada por Jacques Derrida em La vérité em peinture, a partir da crítica endereçada à Martin Heidegger quanto à interpretação que este faz doquadro do par de sapatos pintado Van Gogh. Buscaremos destacar dois movimentos da leitura derridiana das análises de Heidegger: 1) Para Derrida, ao pensar a obra de arte como um acontecimento da verdade, ou seja, como uma instauração que se dá por si mesma sem vinculação entre a representação pictórica e objetos do mundo, Heidegger, preso ao caráter de “restituição” da verdade, estaria fazendo uma “análise espectral” do quadro de Van Gogh, na medida em que, ambiguamente, ao mesmo tempo em que rompe com seucaráter de visibilidade, não supera totalmente o horizonte imagético da obra de arte; 2) Apresentaremos a noção derridiana de “restância”, como movimento da própria “desconstrução” (estética) da imagem, no intuito de mostrar que, para Derrida, o caráter restituidor da verdade identificado na leitura heideggeriana, ao apresentar-se como uma “apropriação”, ou seja, como um discurso de verdade, uma certeza sobre aquilo que se pretende restituir, impede o acesso à multiplicidade dinâmica de sentidos da imagem(différance) que a própria obra oferece em suas diferentes camadas de significações.

Abstract:

This article seeks to explore the procedure of deconstruction (aesthetics) of the image made by Jacques Derrida in La vérité in peinture, based on the criticism addressed to Martin Heidegger regarding his interpretation of the painting of the pair of painted Van Gogh shoes. We will seek to highlight two movements of the deridian reading of Heidegger’s analyzes: 1) For Derrida, when thinking of the work of art as an event of truth, that is, as an installation that occurs on its own without linking the pictorial representation and objects of the world, Heidegger, attached to the character of “restitution” of the truth, would be doing a “spectral analysis” of Van Gogh’s painting, insofar as, ambiguously, at the same time that he breaks with his visibility character, he does not totally overcome the imagetic horizon of the work of art; 2)We will present the deridian notion of “rest”, as a movement of the “deconstruction” (aesthetics) of the image, in order to show that, for Derrida, the truth-restoring character identified in Heidegger's reading, when presenting itself as a “ appropriation ”, that is,as a discourse of truth, a certainty about what is intended to be restored, prevents access to the dynamic multiplicity of meanings of the image (différance) that the work itself offers in its different layers of meanings.

ISSN: 2318-8138

Texto Completo: http://inconfidentia.famariana.edu.br/wp-content/uploads/2021/02/5.Juliano.pdf

Revista de Filosofia Inconfidentia

A Revista de Filosofia InconΦidentia surgiu como veículo de divulgação e incentivo à pesquisa da Faculdade  “Dom Luciano Mendes – DLM”. O nome recebido está relacionado ao fato da instituição se situar na região dos inconfidentes em Minas Gerais – Ouro Preto e Mariana, principalmente. Ela possui caráter filosófico e tem periodicidade de seis meses. O objetivo é tanto divulgar as pesquisas docentes realizadas no sítio da instituição como dialogar com articulistas provenientes de outras instituições de ensino superior da área, sejam nacionais ou estrangeiras. A InconΦidentia recebe artigos originais, frutos de pesquisas filosóficas, resenhas de livros e tradução de textos. 

Sobre os organizadores da Revista de Filosofia InconΦidentia:

EDVALDO ANTONIO DE MELO é doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana (PUG), bolsista Capes (programa DPE), com pesquisa na área da ética. Mestre em História da Filosofia pela mesma Universidade, tendo realizado pesquisa relacionada à ética e à linguagem em Emmanuel Lévinas. Pós-graduação lato-sensu pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP - MG). Bacharel em Teologia pelo Centro de Estudos Superior de Juiz de Fora (CESJF). Bacharel e Licenciado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Diretor Acadêmico, Coordenador do Curso de Filosofia e Professor na Faculdade Dom Luciano Mendes (FDLM / Mariana-MG). Integra o grupo de pesquisa Fenomenologia e genealogia do corpo da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE / Belo Horizonte-MG). Possui experiência docente e de pesquisa no ensino superior e se interessa por questões referentes à ética, à linguagem, à ontologia, à metafísica, à fenomenologia e à literatura. Membro do CEBEL: Centro Brasileiro de Estudos Levinasianos.

MAURÍCIO DE ASSIS REIS é doutor em Filosofia Contemporânea pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em Estética e Filosofia da Arte pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), especialista em Filosofia também pela UFOP e bacharel em Filosofia pela Faculdade Arquidiocesana de Mariana, atual Faculdade Dom Luciano Mendes; sua pesquisa refere-se às relações entre experiência , linguagem e história e seu estatuto na concepção da unidade da obra de Theodor W. Adorno. Atualmente, é Professor Assistente II pela Faculdade Dom Luciano Mendes, atuando no curso de Filosofia; Professor Nível I, Grau A, pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), atuando junto ao Departamento de Ciências Humanas da unidade de Barbacena e nos cursos de Pedagogia e Ciências Sociais; e Professor pela Univiçosa, atuando nas áreas de filosofia e ciências sociais no curso de Direito e na área de bioética nos cursos de Fisioterapia e Odontologia. É autor de “Adorno: estudos sobre experiência e pensamento” e organizador de “Entre o ser e o não-ser”; membro permanente do Grupo de Trabalho (GT) de Teoria Crítica da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF).

CRISTIANE PIETERZACK é doutora em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. É Perita em Magistério Eclesial e Normativa Canônica pelo Studium de Roma (2015). Mestra em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (2013) com especialização em Filosofia Prática. Mestra em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (2009), com ênfase em fenomenologia e hermenêutica. Graduada em Filosofia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2005). Tem experiência de docência universitária e de práxis filosófica. É pesquisadora na área de hermenêutica, ética e ciências da família. É coordenadora do Centro de Estudos sobre a família, da Domus ASF.