Democracia, Secularismo e Religião em Jürgen Habermas e Charles Taylor

v. 2 n. 1 (2019) - Dossiê "Política e Religião". Artigos (Varia) • Revista Helius

Autor: Juliano Cordeiro Oliveira

Resumo:

O artigo discute o problema do diálogo entre secularismo e religião em Jürgen Habermas e Charles Taylor. Segundo Habermas, as religiões possuem intuições morais que podem colaborar nos debates públicos, desde que traduzam suas intuições essenciais para uma linguagem pública e secular. Já para Taylor seria ilusória a tentativa de estabelecer uma prioridade de um discurso (secular, por exemplo) frente a algum outro. Taylor criticará uma forma de secularismo que exclui a religião como instância essencial na formação das identidades dos sujeitos, tal qual uma fonte de sentido indispensável para diversas vidas. Aqui se encontra o ponto exato de discordância entre os filósofos: Habermas debate a partir da ética do justo e do pós-secularismo, à luz de Kant; e Taylor a partir de certa tradição hegeliana e comunitarista, a ética do bem. Taylor não aceitará a exigência obrigatória de argumentações secularizadas nos debates públicos, pois nem todas as sociedades passaram por processos de secularização, em que as identidades de tais sujeitos não foram formadas à luz de uma visão de mundo secular. Habermas, por sua vez, defende que são fundamentais os procedimentos deliberativos, e não propriamente um determinado conceito de vida boa ou conteúdos valorativos de uma determinada tradição ou religião, como há em Taylor, que enfatiza a existência de múltiplas modernidades, uma vez que culturas não ocidentais foram modernizadas à sua maneira. Já Habermas destaca que a separação entre discursos religiosos e seculares é essencial quando buscamos normas justas dentro de um horizonte cada vez mais pluralista e diferenciado.

Abstract:

The aim of the article is to discuss the problem of the dialogue between secularism and religion in Jürgen Habermas and Charles Taylor. According to Habermas, religions have moral intuitions, which can cooperate in public debates, once they translate their essential intuitions into a public and secular language. As for Taylor, it would be illusory the attempt to establish a priority of a discourse (secular, for example) in view of some other. Taylor will criticize a form of secularism that excludes religion as an essential instance in the formation of the identities of the subjects as a source of meaning which is indispensable for many lives. This is where we can find the exact point of disagreement between the philosophers: Habermas debates from the ethics of philosophers: Habermas debates from the ethics of fair and post-secularism, in the light of Kant and Taylor from a certain Hegelian and communitarian tradition, the ethics of good. Taylor will not accept the mandatory requirement of secularized arguments in public debates, for not all societies have undergone processes of secularization in which the identities of such subjects have not been formed in the light of a secular worldview. Habermas, on the other hand, argues that deliberative procedures are fundamental, and not a certain concept of good life or values of a particular tradition or religion, as in Taylor, which emphasizes the existence of multiple modernities, since cultures Western countries were modernized in their own way. Habermas points out that the separation of religious and secular discourses is essential when we seek fair norms within an increasingly pluralistic and differentiated horizon.

ISSN: 2357-8297

Texto Completo: https://helius.uvanet.br/index.php/helius/article/view/85/113

Palavras-Chave: Pós-secularismo. Comunitarismo. Religião. Habermas. Taylor.

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