EXPRESSIVIDADE E SUBJETIVIDADE NO WITTGENSTEIN TARDIO

v. 1, n. 45 (2022) • Revista Ideação

Autor: MIRIAN DONAT

Resumo:

O artigo apresenta algumas considerações acerca do papel da expressividade na significação da linguagem psicológica, o que será feito em três momentos. Pretendo mostrar, em primeiro lugar, que a expressividade da linguagem está enraizada na expressividade natural da ação humana, de forma ampla, o que significa ser muito difícil, da perspectiva de Wittgenstein, avaliar a expressividade simplesmente pela distinção de tipos de sentenças ou mesmo de jogos de linguagem, pois a expressividade não é uma característica ou função da linguagem, em abstrato, mas da ação humana, da qual faz parte a linguagem. Com isso, num segundo momento veremos como essa forma de compreender a expressividade leva a uma compreensão distinta da própria subjetividade, pois esta noção ajuda Wittgenstein a desmontar os pressupostos dos dualismos de tipo mentalista, tais como o interior versus o exterior ou o físico versus o mental, fundando uma particular concepção de ser humano, pensado por ele como um ser vivo no “fluxo da vida”, ou seja, em meio a suas interações com o mundo e os outros homens. Por fim, a concepção de Wittgenstein possibilita dissolver certas dificuldades na compreensão dos modos de significação da linguagem psicológica, em especial de termos como ‘eu’, que deixam de ser considerados a partir da referência a um mundo interior privado e inacessível intersubjetivamente. Por estarem ligados a ações expressivas, tais termos são compreendidos a partir dos lugares e papéis que os diferentes parceiros do jogo de linguagem podem ocupar nas práticas linguísticas, eliminado o caráter substancial da subjetividade para compreendê-la como constituída no conjunto de relações que os seres humanos compartilham intersubjetivamente.

Abstract:

O artigo apresenta algumas considerações acerca do papel da expressividade na significação da linguagem psicológica, o que será feito em três momentos. Pretendo mostrar, em primeiro lugar, que a expressividade da linguagem está enraizada na expressividade natural da ação humana, de forma ampla, o que significa ser muito difícil, da perspectiva de Wittgenstein, avaliar a expressividade simplesmente pela distinção de tipos de sentenças ou mesmo de jogos de linguagem, pois a expressividade não é uma característica ou função da linguagem, em abstrato, mas da ação humana, da qual faz parte a linguagem. Com isso, num segundo momento veremos como essa forma de compreender a expressividade leva a uma compreensão distinta da própria subjetividade, pois esta noção ajuda Wittgenstein a desmontar os pressupostos dos dualismos de tipo mentalista, tais como o interior versus o exterior ou o físico versus o mental, fundando uma particular concepção de ser humano, pensado por ele como um ser vivo no “fluxo da vida”, ou seja, em meio a suas interações com o mundo e os outros homens. Por fim, a concepção de Wittgenstein possibilita dissolver certas dificuldades na compreensão dos modos de significação da linguagem psicológica, em especial de termos como ‘eu’, que deixam de ser considerados a partir da referência a um mundo interior privado e inacessível intersubjetivamente. Por estarem ligados a ações expressivas, tais termos são compreendidos a partir dos lugares e papéis que os diferentes parceiros do jogo de linguagem podem ocupar nas práticas linguísticas, eliminado o caráter substancial da subjetividade para compreendê-la como constituída no conjunto de relações que os seres humanos compartilham intersubjetivamente

Texto Completo: http://periodicos.uefs.br/index.php/revistaideacao/article/view/8290

Palavras-Chave: Expressividade; Subjetividade; Linguagem psicológica; Ser humano; Eu.

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