CETICISMO, CRITÉRIOS E AUTOCONHECIMENTO: STANLEY CAVELL SOBRE AS CONDIÇÕES DA EXPRESSÃO SUBJETIVA E DO AUTOCONHECIMENTO

Edição Jan-Jun - v.1 n.47 (2023) • Revista Ideação

Autor: RAFAEL FERNANDES MENDES DOS SANTOS

Resumo:

Meu objetivo central é investigar temas essenciais à filosofia de Stanley Cavell, sobretudo sua compreensão do ceticismo, o que ele nomeia ameaça cética, e o vínculo entre sua prática filosófica e a conquista de autoconhecimento. Dessa forma, em primeiro lugar, apresento sua defesa do ceticismo como um fenômeno natural, em conjunto com a relação entre tal fenômeno e o silenciamento da possibilidade de se exprimir estados subjetivos. Em seguida, procuro esclarecer como Cavell lê a noção wittgensteiniana de critério presente nas Investigações Filosóficas, concebendo o ceticismo como repúdio à critérios, motivado por uma visão epistêmica que resulta na demanda por Conhecimento infalível tanto do mundo como das outras mentes. Veremos que, segundo seu argumento, ao cobrarmos o que critérios não poderiam nos dar, isto é, a garantia de que a aparência fenomênica corresponda a existência de um fenômeno, somos ameaçados pelo ceticismo. Ao cair nela, excluímos nossa subjetividade das interações comunicativas no interior das formas de vida. Por final, diante dessa ameaça cética, procuro mostrar como Cavell atribui à filosofia ou à prática de recordar critérios de significação da linguagem ordinária a função de nos tornar consciente de quem somos.

Abstract:

My overall aim is to investigate Stanley Cavell's philosophy, especially his understanding of skepticism, what he calls skeptical threat, and the link between his philosophical practice and the attainment of self-knowledge. Thus, firstly, I present his defense of skepticism as a natural phenomenon, together with the relationship between that phenomenon and the silencing of the possibility of expressing a subjective plight of mind. Then, I try to clarify how Cavell reads the wittgensteinian notion of criteria, present in Philosophical Investigations, conceiving skepticism as a kind of repudiation of criteria, motivated by an epistemic vision that results in the demand for infallible Knowledge of both the world and other minds. We will see that, according to his argument, when we demand what criteria could not give us, that is, the guarantee that the phenomenal appearance necessarily corresponds to the existence of a phenomenon, we are threatened by skepticism. And by falling into it, we exclude our subjectivity from communicative interactions within the forms of life. Finally, in the face of this skeptical threat, I try to show how Cavell attributes to philosophy, or to the practice of remembering criteria for the meaning of ordinary language, the function of making us aware of who we are.

Texto Completo: https://periodicos.uefs.br/index.php/revistaideacao/article/view/8882/8269

Palavras-Chave: Ceticismo, Critérios, Subjetividade, Recordações, Autoconhecimento. Skepticism, Criteria, Subjectivity, Recollections, Self-knowledge.

Revista Ideação

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