Os Limites da Crítica como Definição Diante o Pluralismo e o Multiculturalismo da Arte Pós-histórica
Inquietude, v. 7, n. 2 (2016) • Revista Inquietude - Revista dos Estudantes de Filosofia da UFG
Autor: Charliston Pablo do Nascimento
Resumo:
No prefácio de Unnatural Wonders: Essays from the Gap between Art and Life, o pensador norte-americano Arthur Danto dedica-se a refletir sobre seu trabalho de crítico de arte e a demonstrar como essa atividade deve ser pensada em um contexto pós-histórico da arte. Para o pensador estadunidense, a arte pós-histórica representa um momento de pluralismo radical e de multiculturalismo, o que não significa necessariamente o fim da crítica de arte, mas o momento em que tal atividade liberta o artista do fardo da história da arte e, ao mesmo tempo, restringe o seu fazer tão só a uma espécie de mediação explicativa do trabalho do artista para o espectador. Para Danto, se o contexto pós-histórico determina que nada possa ser descartado como arte, o crítico também não pode descartar nada como arte, de tal maneira que o artista encontra-se dotado de plena liberdade criadora. Ademais, observamos no mesmo prefácio que, à leitura do filósofo nova-iorquino, o tema da crítica não constitui um problema filosófico de sua teoria, uma vez que, para o pensador, à arte pós-histórica não se seguiria um modelo crítico pós-histórico e, por sua vez, o filósofo afirma concordar com a tese hegeliana de que o dever da crítica seja tão somente o de analisar se a incorporação de sentido no objeto proposto como obra de arte foi bem realizada, o que demonstra que os conceitos de crítica de arte e de definição de arte, no pensamento dantiano, conjugam-se. Em princípio, tal concepção nos aponta um caráter inclusivo, já que representa uma condição na qual tudo pode ser proposto como arte, independentemente do estilo, da origem cultural ou de fatores qualitativos da obra. Por outro lado, entretanto, essa apreensão dantiana da crítica acaba por encerrar alguns dilemas, notadamente em razão de sua crítica restringir-se apenas ao trabalho realizado e à adequação entre objeto e sentido corporificado, conseguintemente, ignorando elementos que seriam bastante representativos para a sua própria filosofia da arte, quais sejam, de tornar compreensível em que medida o multiculturalismo e o pluralismo, afirmados por Danto como condição da arte pós-histórica, não acabam subsumidos pelo mercado de arte, substituindo as narrativas mestras não por uma pretensa liberdade criadora, mas por tendências do mercado de arte; e, por fim, em que medida essa condição, somada ao limite do crítico ao papel de mediador, não condicionaria de outro modo a concepção de mundo da arte de Atrhur Danto a uma Teoria Institucional da Arte? Problematizar essas questões em relação à tese de Noël Carroll acerca de uma segunda definição de arte no pensamento dantiano constitui o objetivo desta discussão.
Abstract:
In the preface of Unnatural Wonders: Essays from the Gap between Art and Life, the North American thinker, Arthur Danto, dedicates himself to reflecting upon his work as an art critic and to demonstrating how this activity should be considered in a post-historical context of art. For Danto, the post-historical art is a period of time of radical pluralism and multiculturalism. This does not necessarily mean the end of art criticism, but the moment that such activity releases the artist from the burden of art history and, at the same time, restricts their doing solely to a kind of explanatory mediation of the artist’s work to the spectator. For Danto, if the post-historical context determines that nothing can be ruled out as art, neither can the critic rule anything out as art, so that the artist finds himself endowed with full creative freedom. Moreover, it is noticed in the same preface that, for Arthur Danto, the theme of criticism is not a philosophical problem of his theory, given that to the thinker, the post-historical art would not follow a post-historical critical model. On the other hand, the philosopher says to agree with Hegel's thesis that the duty of criticism is merely to analyze if the incorporation of meaning on the proposed object as a work of art was well held, thus demonstrating that the concept of art criticism and definition of art come together in Danto’s thought. At first, such conception points us to an inclusive character, knowing that it can represent a condition in which everything can be proposed as art, regardless of style, cultural background or qualitative factors of the work. On the other hand, Danto’s understanding of criticism ultimately puts an end to some dilemmas, particularly because of his critique limits itself to the work done and its suitability between the object and the embodied sense. Consequently, it ignores some elements that would be fairly representative for his own philosophy of art, namely, to make understandable to an extent of multiculturalism and pluralism affirmed by Danto that does not end up subsumed by the art market as a condition of post-historical art. Therefore, it replaces the master narratives not by an alleged creative freedom, but by the art market trends. In addition, to what extent this condition, added to the limit of the critic to the mediator role, would not otherwise condition the conception of the world of art of Arthur Danto to an Institutional Theory of Art? The theme of my speech is to discuss the issues in the light of Noël Carroll's thesis about a second definition of art in Dante’s thought.
ISSN: 2177-4838
Texto Completo: https://drive.google.com/file/d/0B4AeuuKw4oJnTFNic1Zyc0VFU1E/view
Palavras-Chave: Danto; Crítica; Arte Pós-Histórica; Noël Carroll.
Revista Inquietude - Revista dos Estudantes de Filosofia da UFG
Indexada na QUALIS como B4, a Inquietude é a revista científica (ISSN 2177-4838) dos estudantes de graduação e pós-graduação em Filosofia da Universidade Federal de Goiás. Trata-se de um periódico acadêmico semestral que publica textos filosóficos inéditos: artigos, traduções, resenhas e entrevistas.