A Cartografia do Mal no Pensamento de Hannah Arendt

Inquietude, v. 7, n. 1 (2016) • Revista Inquietude - Revista dos Estudantes de Filosofia da UFG

Autor: Flávia Stringari Machado

Resumo:

A condição de judia-alemã que suportou pessoalmente as consequências políticas do nazismo, moldou a compreensão de Hannah Arendt sobre os eventos que marcaram o século XX. Com a libertação dos campos de concentração no final da Segunda Guerra Mundial e o horror das revelações daí advindas, o mal passou a ser uma questão central no pensamento arendtiano. Os campos de concentração, de que Auschwitz sagrou-se símbolo, representaram para Arendt uma ruptura da tradição, uma terrível novidade, que impôs repensar o significado do mal e da responsabilidade humana. Nesse contexto, o presente artigo pretende investigar o problema do mal no pensamento de Hannah Arendt. Ocupar-se dessa tarefa, contudo, significa reconhecer que, mesmo em seus últimos escritos Arendt negava a existência de uma teoria sobre o mal no corpo de seus escritos. O objetivo deste artigo se coloca, então, como cartografar a teorização arendtiana sobre o mal. Para tanto, busca-se inicialmente a delimitação da categoria mal radical, exposta pela autora em Origens do Totalitarismo, contrapondo-a, em seguida, à concepção de mal banal, inaugurada com a publicação de Eichmann em Jerusalém, e desenvolvida em escritos posteriores. Por fim, relaciona-se as duas concepções de mal para definir se elas se excluem ou podem, afinal, coexistir.

Abstract:

The German-Jewish condition that made Hannah Arendt personally bear the political consequences of Nazism shaped her understanding of the political events that marked the twentieth century. With her release from the concentration camps at the end of the Second World War and the horror she witnessed there, the issue of evil became central in Arendt’s thought. The concentration camps, of which Auschwitz became a symbol, represented for Arendt a break from tradition, a terrible novelty that made her rethink the meaning of evil and human responsibility. In this context, this article studies the problem of evil in Hannah Arendt’s thought. Pursuing this task, however, demands the recognition that, even in her late writings, Arendt denied the existence of a theory of evil in the body of her work. This article aims to map the Arendtian theorizing about evil. It first investigates the delimitation of the category of radical evil, presented by the author in The Origins of Totalitarianism. Next, it makes a counterpoint to the conception of banal evil inaugurated with the publication of Eichmann in Jerusalem and further developed in subsequent writings. Finally, it relates to the two conceptions of evil to determine whether they exclude each other or they may coexist.

ISSN: 2177-4838

Texto Completo: https://drive.google.com/file/d/0B4AeuuKw4oJnYXkzSUc0ZzBKQmM/view

Palavras-Chave: Mal; Mal Radical; Mal Banal; Hannah Arendt.

Revista Inquietude - Revista dos Estudantes de Filosofia da UFG

Indexada na QUALIS como B4, a Inquietude é a revista científica (ISSN 2177-4838) dos estudantes de graduação e pós-graduação em Filosofia da Universidade Federal de Goiás. Trata-se de um periódico acadêmico semestral que publica textos filosóficos inéditos: artigos, traduções, resenhas e entrevistas.