O ESPÍRITO DE CONTRADIÇÃO DESORGANIZADO: IRONIA, RELIGIÃO E DIALÉTICA NA RELAÇÃO ENTRE HEGEL E O ROMANTISMO

Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia - v. 11 n. 30 (2019) • Revista Kínesis

Autor: Régis de Melo Alves

Resumo:

Este trabalho intenta analisar a relação de Hegel com a ironia romântica através de sua consideração da ironia subjetiva de Schlegel e da ironia "objetiva", divina, de Solger a fim de compreender em que sentido o pensar especulativo supera o espírito de contradição desordenado da ironia romântica que bloqueia o desenvolvimento dialético. Abordaremos primeiro os momentos centrais em que Hegel trata da ironia em sua obra em ordem cronológica, no âmbito ético e estético, nos quais destaca-se a consideração da subjetividade moderna desatrelada dos conteúdos substanciais do espírito, cujo maior representante aos seus olhos é Friedrich Schlegel. Por fim, concentraremo-nos na análise hegeliana do pensamento de Solger apresentada na Resenha dos Escritos Póstumos e Correspondência de Solger, já que sua compreensão da ironia é muito próxima da dialética hegeliana, ocupando, assim, um lugar limítrofe entre romantismo e filosofia especulativa. Solger teria superado a unilateralidade da subjetividade romântica que se contrapunha à efetividade (Wirklichkeit). Porém, apesar de aceder à necessidade da unidade dialética dos opostos na apreensão do absoluto, Solger ainda concede primazia à experiência do divino como algo contraposto às mediações conceituais, deste modo, mantendo-se na perspectiva do entendimento que pressupõe o absoluto como um em-si inapreensível pelo pensamento e que apenas pode se manifestar na forma da experiência imediata.

Abstract:

This paper attempts to analyze Hegel's relationship with romantic irony through his consideration of Schlegel's subjective irony and Solger's "objective", divine irony in order to understand in what sense speculative thinking overcomes the Romanticism's disordered spirit of contradiction that blocks the dialectical development. We will first discuss the central moments in which Hegel addresses irony in his work in chronological order, in the ethical and aesthetic realm, in which he emphasizes the consideration of the modern subjectivity detached from the substantial contents of the spirit, whose greater representative in his eyes is Friedrich Schlegel. Finally, we will focus on the Hegel's analysis of Solger's thought presented in The Posthumous Writings and Correspondence of Solger, since his understanding of irony is very close to Hegel's dialectic, thus occupying a borderline between romanticism and speculative philosophy. Solger had overcome the one-sidedness of romantic subjectivity that was opposed to actuality (Wirklichkeit). But in spite of achieving the necessity of the dialectical unity of the opposites in the apprehension of the absolute, Solger still gives primacy to the experience of the divine as something opposed to conceptual mediations, thus maintaining itself in the point of view of the understanding that presupposes the absolute as an in-itself unattainable by thought and which can only manifest itself in the form of immediate experience.

ISSN: 1984-8900

DOI: https://doi.org/10.36311/1984-8900.2019.v11.n30.08.p109

Texto Completo: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/9632

Palavras-Chave: Dialética, Romantismo, Ironia, Estética, Filosofia da religião, Solger

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