PERCEPÇÃO E NEUROCIÊNCIA: UM OLHAR ACERCA DO EXPERIMENTO DE BACH-Y-RITA E DA QUESTÃO DE MOLYNEUX ACERCA DA VISÃO

Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia - v. 10 n. 23 (2018): Edição Especial - Epistemologia e Filosofia das Ciências e da Tecno • Revista Kínesis

Autor: Maurício da Rosa VOLLINO

Resumo:

Paul Bach-y-Rita (2003) desenvolveu pesquisas acerca da plasticidade cerebral e o resultado são aparelhos de substituição sensorial os quais auxiliam na recuperação dos sentidos, tais quais visão, equilíbrio e audição devido à capacidade adaptativa cerebral. De acordo com o neurocientista, o cérebro é responsável pela interpretação das informações externas e os órgãos dos sentidos seriam apenas receptores. Desta forma, por exemplo, após adaptação, o usuário é capaz de ver através de uma câmera conectada a um conversor de sinais e este conectado à sua pele. As imagens são convertidas em sinais elétricos ou vibro-táteis e enviados ao eletrodo conectado à pele do usuário. O resultado é a interpretação dos sinais em forma visual. Sob o ponto de vista filosófico, a pessoa realmente experiência a visão? Tal pergunta remete à questão de Molyneux à Locke, a saber, se um cego o qual percebe objetos tais quais esferas e cubos através do toque, caso sua visão fosse restaurada, seria ele capaz de perceber tais objetos sem tocá-los. Morgan (1977) e Warren & Strelow (1984) consideram os aparelhos de substituição excelentes exemplos para esta questão. Acerca do aparelho, Bach-y-Rita alega que o usuário experiencia a visão uma vez que interage com o ambiente tal qual um não cego interagiria. Morgan e Warren & Strelow respondem à questão de Molyneux de forma negativa uma vez que é necessário ao usuário adquirir experiência com o uso do aparelho de substituição antes de perceber imagens, o que corrobora a resposta de Locke à questão de Molyneux.

Abstract:

Paul Bach-y-Rita (2003) conducted research on brain plasticity and the result are devices of sensory substitution that help in the recovery of the senses, such as sight, equilibrium and hearing, due to the brain’s adaptive capacity. According to that neuroscientist, the brain is responsible for the interpretation of external information and the sense organs are just receptors. Thus, for instance, after adaptation, the user is able to see through a camera connected to a signal converter that is connected to their skin. The images are converted into electrical or vibrotactile signals and sent to the electrode connected to the user’s skin. The result is an interpretation of signals in a visual form. From a philosophical point of view, does the person really experience sight? This question refers to the one put by Molyneux to Locke, viz. whether a blind person who perceives objects such as spheres and cubes by touching them would, if their sight were restored, be able to perceive those objects without touching them. Morgan (1977) and Warren & Strelow (1984) see substitution devices as excellent examples for this question. Regarding the device, Bach-y-Rita claims that the user experiences sight since they interact with the environment just in the way a non-blind person would interact with it. Morgan and Warren & Strelow answer Molyneux’s question in the negative, since it is necessary for the user to acquire experience with the use of the substitution device before perceiving images, which corroborates Locke’s answer to Molyneux’s question

ISSN: 1984-8900

DOI: https://doi.org/10.36311/1984-8900.2018.v10n23.07.p71

Texto Completo: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/8047

Palavras-Chave: Percepção. Visão. Substituição sensorial. Experiência. Molyneux.

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