CHOQUE & MODERNIDADE: BENJAMIN ÀS VOLTAS COM FREUD

Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia - v. 9 n. 21 (2017) • Revista Kínesis

Autor: Diego Luiz Warmling; Thor João de Sousa Veras

Resumo:

Da proposta freudiana de Além do Princípio do Prazer (1920), este artigo põe à prova a “teoria do choque” desenvolvida por Walter Benjamin como chave da crítica à modernidade, e cuja problemática visa distinguir Erfahrung e Erlebnis. Primeiramente, veremos como a segunda tópica freudiana nos põe diante daquilo que está subscrito ao aparato psíquico. Numa segunda instância, compreenderemos 1) como, da vivência dos choques, Benjamin encontra em Baudelaire um caminho à lírica da modernidade e 2) como, lendo Freud, a vida nas cidades nos despe da memória das experiências passadas, forçando-nos a estar atentos aos perigos imediatos e, sob o preço de uma irreflexividade, criar modos de defesa capazes de proteger-nos dos múltiplos choques. Veremos como estas vivências afetam as distintas esferas da vida cotidiana à ponto de habitar todos os seus domínios. Todavia, se aqui a “estética dos choques” leva à atrofia da experiência histórica, veremos, à luz de Freud, como o ensaísta jamais distingue as demandas traumáticas das não-traumáticas. Contrários à Benjamin, defenderemos enfim que suas teses não são compatíveis com Freud, pois ambos diferem tanto no aspecto decisivo da memória na proteção contra os desgostos, quanto acerca da gênese de nossos traumas.

Abstract:

Drawing on the freudian proposal in Beyond the Pleasure Principle (1920), this article articulates the constitution of the "theory of shock", developed by Walter Benjamin as a key to critique of the crisis of modernity, whose problematic concerns the distinction between the concepts of Erfahrung and Erlebnis. Firstly we question how the second Freudian topical puts us before what is subscribed to the psychic apparatus.In a second instance, we will understand 1) how, from the experience of shocks, Benjamin's critique of the crisis of experience finds in Charles Baudelaire a path to the lyric of the modernity, and 2) how, in Freud’s sense, the lives experienced in the city takes us away from the memory of our past experiences , forcing us to be aware of the most immediate dangers and, at the price of a behavioral unreflectivity, to create defense modes capable of protecting us from multiple forms of shock. We shall see how the reality of these experiences affects the multiple spheres of daily life to the point of tacitly inhabiting all spheres of life. However, if the shocks tends both to the atrophy of historical experience and to the emergence of an 'aesthetic of shocks', in the light of Freud, we shall see how the essayist fails to distinguish the traumatic demands from the non traumatic ones. Contrary to Benjamin then, we will argue that his theses can hardly be made compatible with Freud's, since they both differ as much in regard to the decisive aspect of memory in protecting against disgusting situations as in our traumatic genesis.

ISSN: 1984-8900

DOI: https://doi.org/10.36311/1984-8900.2017.v9n21.06.p48

Texto Completo: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/7750

Palavras-Chave: Freud. Benjamin. Choque. Modernidade.

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