DURAÇÃO E MEMÓRIA: A CRÍTICA DE GASTON BACHELARD AO PSICOLOGISMO TEMPORAL BERGSONIANO

Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia - v. 8 n. 18 (2016) • Revista Kínesis

Autor: Fernando da Silva MACHADO

Resumo:

Em A intuição do instante (1932) e A dialética da duração (1936), a problematização a respeito do tempo levantada por Bachelard, a partir das teses bergsonianas da duração, deixa de ser uma simples reinterpretação do conceito de tempo e passa a se encaminhar aos poucos para uma ruptura evidente com o bergsonismo. Neste artigo, trataremos dessa ruptura via a interpretação psicológica da duração feita por Bachelard, fato esse que automaticamente estabelece um contraponto com o psicologismo temporal bergsoniano, sobretudo em A dialética da duração, onde ele irá forjar seu entendimento de consciência temporal e, por consequência, de memória. Ao estabelecer tal crítica Bachelard filia sua ideia de tempo psicológico às noções de ato de consciência e atenção que, por sua vez, estão circunscritas à razão que ordena os instantes descontínuos, sejam eles eficazes e ricos ou ineficazes e pobres. Mostraremos de que maneira isso ocorre e é desenvolvido em sua filosofia a partir de três passos decisivos: 1) uma interpretação de memória apoiada nas teses sobre a conduta do psicólogo Pierre Janet (contra a imediaticidade); 2) por meio de uma evidenciação do dinamismo e liberdade presentes na psyché e na própria memória a partir da valorização da ideia de intervalos imanentes às estruturas da consciência (descontinuidade); 3) uma interpretação de memória como espera (possibilidade).

Abstract:

In the Intuition of the instant (1932) and The dialectic of duration (1936), the problematization of the time raised by Bachelard, from the bergsonian theses of duration, is no longer a simple reinterpretation of the concept of time and begins to move gradually to an obvious break with bergsonism. In this article, we will deal with this rupture through the psychological interpretation of Bachelard's duration, a fact that automatically establishes a counterpoint with bergsonian temporal psychologism, especially in The dialectic of duration, where he will forge his understanding of temporal consciousness and, consequently, from memory. In establishing such a criticism Bachelard links his idea of a psychological time to the notions of an act of consciousness and attention which, in turn, are circumscribed to the reason that orders the discontinuous instants, be they effective and rich or ineffective and poor. We will show how this occurs and is developed in its philosophy from three decisive steps: 1) an interpretation of memory based on the theses about conduct of the psychologist Pierre Janet (against immediacy); 2) by means of a demonstration of the dynamism and freedom present in the psyché and in the memory itself from the valuation of the idea of intervals immanent to the structures of consciousness (discontinuity); 3) an interpretation of memory as expectation (possibility).

ISSN: 1984-8900

DOI: https://doi.org/10.36311/1984-8900.2016.v8.n18.09.p109

Texto Completo: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/7700

Palavras-Chave: Bachelard. Bergson. Duração. Psicologia. Memória.

Revista Kínesis

Foco e Escopo

A Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia é uma revista eletrônica acadêmica na área de Filosofia que tem por missão publicar e divulgar pesquisas de pós-graduandos e pós-graduados a partir de um criterioso processo de avaliação.

Surgiu em 2009 da iniciativa conjunta dos pós-graduandos em Filosofia do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus de Marília-SP.

A Revista atende exclusivamente a demanda de pesquisa e publicação de pós-graduandos e pós-graduados na área de Filosofia e suas articulações com as demais áreas do conhecimento (ciências, literatura, artes, etc); não publica trabalhos de graduandos e graduados.

Apoio Institucional

Tem apoio do Programa de Pós-Graduação em Filosofia e do Departamento de Filosofia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus de Marília-SP.

Avaliação Qualis CAPES

Na última avaliação trienal da CAPES (Quadriênio 2013-2016), a Kínesis foi avaliada com Qualis B2 em Filosofia.

Periodicidade e Fluxo de Submissão

A Kínesis publica seus números semestralmente e recebe trabalhos em fluxo contínuo, com exceção de números especiais ou dossiês que dependem de chamadas com datas específicas. Cada número terá no máximo 20 artigos. Em situações de grande número de trabalhos aprovados serão publicados os textos com data de submissão mais antiga e os demais textos serão publicados em números especiais; neste caso os autores serão comunicados. 

Submissões: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/about/submissions