O DEBATE SOBRE O REPRESENTACIONALISMO NAS CIÊNCIAS COGNI TIVAS

Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia - v. 8 n. 17 (2016): Edição Especial • Revista Kínesis

Autor: Luis Felipe OLIVEIRA

Resumo:

Este artigo investiga o papel que o conceito de representação mental teve no desenvolvimento das ciências cognitivas. Entendemos que estas ciências apresentam três paradigmas centrais que se distinguem, principalmente, pela consideração que fazem sobre a noção de representação mental. O paradigma cognitivista fundamenta-se sobre o entendimento de que a mente opera sobre um conjunto de representações simbólicas armazenadas e manipuladas em processos funcionalmente computacionais. O paradigma conexionista descreve a mente como um sistema de processamento paralelo e distribuído que realiza operações sobre representações subsimbólicas. O paradigma dinâmico da cognição estuda a mente por outras abordagens, inclusive não computacionais, que questionam a necessidade explicativa da noção de representação mental. Um dos modelos mais discutidos na literatura, com relação ao debate entre as visões representacionalistas e as não-representacionalistas, é o Watt’s Governor, um mecanismo de autorregulação para caldeiras à vapor. Por um lado, argumenta-se que o Watt’s Governor é um sistema não-representacional de autocontrole; por outro lado, postula-se que o aparato é um sistema representacional. Haselager et al. (2003) discutem esse embate e concluem que a ubiquidade da representação enfraquece este conceito e expõe a falácia de se considerá-la como condição necessária na explicação de fenômenos mentais. Nesse sentido, discutimos as conclusões desses autores e abordamos a hipótese de que a semiótica pode oferecer contribuições interessantes às ciências cognitivas, em suas considerações sobre os tipos e formas das representações.

Abstract:

This paper investigates the role that the concept of mental representation has had in cognitive science development. We understand that cognitive science has three main paradigms which are distinguished mainly by considerations about the notion of mental representation. The (classical) cognitivist paradigm bears the understanding that mind operates upon a set of symbolic representations stored and manipulated by functionally computational processes. The connectionist paradigm describes mind as a system of parallel and distributed processing which instantiates operations upon sub-symbolic representations. The dynamical paradigm of cognition studies the mind by means of other approaches, including non-representational ones, that put under scrutiny the notion of mental representation as an explanatory necessity. One of the most known and discussed models in literature, considering the debate between representational and non-representational points of view, is Watt’s Governor, a self-regulating mechanism used in steam machines. On the one hand, it can be argued that a Watt’s Governor is a non-representational self-controlling system; on the other hand, it can be postulated that such device is a representational system indeed. Haselager et al. (2003) discuss that argument and conclude that the ubiquity of representation undermines this very concept and exposes the fallacy of considering it as a necessary condition in explaining mental phenomena. Thus, we bring that conclusion into question and suggest the hypothesis that semiotics could offer interesting contributions to cognitive science, in its considerations about the sorts and forms of representations.

ISSN: 1984-8900

DOI: https://doi.org/10.36311/1984-8900.2016.v8.n17.06.p85

Texto Completo: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/6439

Palavras-Chave: Ciências cognitivas. Representação mental. Cognitivismo. Conexionismo. Dinamicismo.

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