O A PRIORI (OU TÉDIO) EM ENDGAME COMO CRÍTICA DA REALIDADE, DA ARTE E DA FILOSOFIA

Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia - v. 5 n. 09 (2013) • Revista Kínesis

Autor: Felipe Rezende da Silva

Resumo:

Trata-se de compreender a importância do tédio na obra teatral Endgame (1957), de Samuel Beckett, a partir do ensaio “Tentando entender fim de partida” (1958), de Theodor W. Adorno. Como veremos, Adorno vislumbra na obra beckettiana um importante ponto de referência de uma virada estética que põe em xeque a realidade, a filosofia e a própria arte. Partindo do tédio moderno como elemento estruturante de sua obra, Beckett traz à tona o malestar objetivo do esclarecimento como impossibilidade de significado na vida humana em um mundo totalmente desencantado. Na era da falência da metafísica, as categorias tradicionais da filosofia (o universal e o imutável) e da arte (coerência, hermeticidade e necessidade), devedoras de um esteio metafísico para até então se sustentarem, tornam-se insuficientes para compreender criticamente a realidade perante a predominância de um novo paradigma ontológico que assombra a humanidade: o incontestável tédio da existência em uma realidade sem mistério e transcendência. È justamente esse o ponto crítico que Beckett toma como mote de sua peça para instigar a arte e a filosofia a repensarem a possibilidade de resistência ao estado de coisas imperante.

Abstract:

It is about understanding the importance of boredom in the play Endgame (1957), by Samuel Beckett, from the essay "Trying to understand order of departure" (1958), by Theodor W. Adorno. As we shall see, Adorno sees in the beckettian work an important reference point for an aesthetic turning that calls into question the reality, philosophy and art itself. Starting from the modern boredom as a structuring element of his work, Beckett brings up the objective malaise of enlightenment as the impossibility of meaning in human life in a world totally disenchanted. In the age of the bankruptcy of metaphysics, the traditional categories of philosophy (the universal and unchanging) and art (coherence, hermeticity and necessity), borrowing a metaphysical basis to support themselves until then, become insufficient to critically understand the reality before the predominance of a new ontological paradigm that haunts humanity: the undeniable boredom of existence in a reality without mystery and transcendence. It is precisely this critical point that Beckett takes as part of its motto to instigate art and philosophy to rethink the possibility of resistance against the prevailing state of things.

ISSN: 1984-8900

DOI: https://doi.org/10.36311/1984-8900.2013.v5n09.4500

Texto Completo: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/4500

Palavras-Chave: Teoria crítica, Teatro do absurdo, Tédio moderno.

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