O CONCEITO DE HÁBITO A PARTIR D?AS PAIXÕES DA ALMA DE DESCARTES

Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia - v. 13 n. 34 (2021) • Revista Kínesis

Autor: Abel dos Santos Beserra

Resumo:

O dualismo cartesiano é alvo de crítica desde sua formulação e, conforme MerleauPonty, pode parecer contraditório sem a ideia de infinito positivo operante no grande racionalismo do século XVII. Nesse cenário, o dualismo cartesiano surge como: ou uma flagrante antinomia; ou dependente do conceito de infinito positivo. Cumpre então questionar se Descartes já não teria estabelecido argumentos capazes de aclarar o que muitos críticos consideram impasses de seu sistema. Nesse sentido, o Tratado das paixões emerge como central, pois apresenta como o corpo, algo determinado, se une à alma, que é livre, sem que isso os anule em sua especificidade. Descartes detalha os termos de seu dualismo ao desenvolver a ideia de união da alma e do corpo, isto é, a condição humana de ser uma alma unida a um corpo. Nessas circunstâncias, nos parece fundamental o aprofundamento desta união por meio da adequada consideração do conceito de hábito; apesar de pouco estudado, o hábito é aquilo que permite à alma reorganizar as próprias paixões, dirigir o corpo e agir virtuosamente. Assim, este artigo considera as indicações de Merleau-Ponty sobre o dualismo cartesiano e vale-se do conceito de hábito no Tratado das paixões para investigar se Descartes aponta possíveis soluções, ou inovações, para as questões engendradas pelo dualismo de sua filosofia.

Abstract:

The Cartesian dualism has been criticized since its formulation and, according to Merleau-Ponty, it may seem contradictory without an idea of the positive infinite that operated in the great rationalism of the 17th century. In this perspective, Cartesian dualism is designed as: or a flagrant antinomy; or dependent on the concept of positive infinity. It is therefore necessary to question whether Descartes has already established suggestions capable of resolving certain impasses of his system. In this sense, The Passions of the Soul emerges as central, as it presents how the body, something determined, joins the soul, which is free, without this annulling each other. Descartes, thus, details the terms of his dualism when developing the idea of union of soul and body, that is, the human condition of being a soul united to a body. In turn, deepen the concept of union requires proper consideration of the concept of habit, as this allows the soul to reorganize its passions, direct the body and act virtuously. Thus, this article considers Merleau-Ponty's indications about Cartesian dualism and uses the concept of habit in the The Passions of the Soul to investigate whether Descartes points out possible solutions, or innovations, for the issues engendered by the dualism of his philosophy.

ISSN: 1984-8900

DOI: https://doi.org/10.36311/1984-8900.2021.v13n34.p52-80

Texto Completo: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/12137

Palavras-Chave: Hábito, Dualismo, Moral, Experiência, Cartesianismo.

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