JUDITH BUTLER SOBRE O GÊNERO: AS PERFORMANCES E OS CORPOS ESTRANHOS

Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia - v.14 n. 36 (2022) • Revista Kínesis

Autor: Rosana Carvalho Bastos Amaral, Deyvison Rodrigues Lima

Resumo:

Esta pesquisa analisa o conceito de gênero a partir da obra “Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade”. O objetivo é expor que o corpo não é meramente matéria, mas uma construção através do discurso e, a partir disso, demonstrar a desconstrução do conceito de gênero sobre o qual está baseada a teoria feminista. A divisão de sexo/gênero funciona como a base de um pilar fundacional da política feminista e parte da ideia de que sexo é natural e gênero é socialmente construído. No entanto, Butler problematiza que o sexo e o corpo, não apenas o gênero, também são construídos social e culturalmente e, portanto, partilham uma constituição discursiva. Ao contrário, em vez de uma concepção naturalista ou subjetivista, Butler sustenta que o gênero é constituído performaticamente pelas expressões ou efeitos de seus desempenhos. Assim, as críticas às relações de gênero se concentram na percepção de que elas só podem ser compreendidas como uma construção discursiva, mesmo que, por séculos, as dicotomias, normalidades e identidades tenham sido apresentadas, normativa e necessariamente, como características naturais para cada um dos sexos. Para Judith Butler, porém, a identidade de gênero é um efeito de múltiplas práticas, que não se confunde com um ato de volição, tampouco com uma exteriorização de uma essência. Como conclusão, apresenta o modo pelo qual as instituições tratam e reconhece esses corpos, sobretudo aqueles que não se enquadram no binômio sexo/gênero, classificando-os como abjetos ou, mais especificamente, queer.

Abstract:

This research analyzes of the concepts of gender from the work “Gender trouble: feminism and subversion of identity”. The objective is to show that the body is not merely matter, but a construction through discourse and, from that, to demonstrate the deconstruction of the concept of gender on which feminist theory is based. The sex/gender divide serves as the basis of a foundational pillar of feminist politics and starts from the idea that sex is natural and gender is socially constructed. However, Butler problematizes that sex and the body, not just gender, are also socially and culturally constructed and, therefore, share a discursive constitution. On the contrary, rather than a naturalistic or subjectivist conception, Butler maintains that gender is performatively constituted by the expressions or effects of its performances. Thus, criticisms of gender relations focus on the perception that they can only be understood as a discursive construction, even if, for centuries, dichotomies, normalities and identities have been presented, normatively and necessarily, as symbols and natural characteristics for each of the sexes. For Judith Butler, however, gender identity is an effect of multiple practices, which cannot be confused with an act of volition, nor with an externalization of an essence. As a conclusion, it presents the problematic way in which institutions treat and recognize these bodies, especially those that do not fit into the sex/gender binomial, classifying them as abject or, more specifically, queer.

ISSN: 1984-8900

DOI: https://doi.org/10.36311/1984-8900.2022.v14n36.p444-463

Texto Completo: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/13600

Palavras-Chave: Gênero, Identidade, Sujeito, Discurso

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