Samuel Butler: Sobre a Mente Consciente na Natureza

2010, Tomo 66, Fasc. 4  • Revista Portuguesa de Filosofia

Autor: MANUEL CURADO

Resumo:

Samuel Butler foi um dos primeiros autores a compreender que o evolucionismo de Darwin precisa de ser completado com uma reflexão sobre a evolução das máquinas. Esta comunicação procura mostrar como a reflexão sobre a evolução das máquinas é importante para compreender um aspecto difícil da teoria da evolução de Darwin: a evolução da mente senciente. São os seguintes os aspectos a abordar nesta comunicação: a dificuldade em distinguir entre humano e máquina; a consciência surge na natureza a partir de materiais não nobres; a consciência existe na natureza como resultado da evolução; a consciência humana é produzida por sistemas simples do cérebro; os seres humanos descendem de seres que não possuíam consciência; o ser humano no futuro poderá vir a ser um parasita da máquina e poderá viver em simbiose com ela; o espírito do ser humano originou-se devido a uma velha associação com as máquinas; a definição de máquina está incluída na definição da natureza física do homem; a diferença entre as máquinas actuais e o ser humano é mais de grau do que de tipo. Esta comunicação termina com a apresentação de uma conjectura a favor de uma noção de mente alargada. É esta: se existe uma evolução paralela de autómatos e de seres orgânicos desde o início da vida na Terra e se os organismos biológicos evoluem lado a lado com próteses mecânicas e é previsível que existam no futuro formas de simbiose entre humanos e máquinas, segue-se que a mente humana deverá ser entendida num sentido mais alargado do que o habitual.

Abstract:

Samuel Butler was one of the first authors that understood that Darwin’s evolutionism needs to be completed with a reflection about the evolution of mechanical devices. This paper tries to show that a reflection about the evolution of machines is important to understand a difficult aspect of Darwin’s theory of evolution, namely the evolution of the conscious mind. This paper presents the following themes: the utter difficulty of making a distinction between what is human and what is a machine; human consciousness seems to have its origins in very common materials; consciousness exists in nature as a result of evolution; consciousness is a final product of sundries systems in the brain; human beings descend from beings without consciousness; it is possible that the human being will come to be a parasite of the future machines and that there will be some form of symbiosis between humans and machines; the mind of human beings has evolved from a very old association with machines; the very definition of the physical nature of man needs to include the notion of ‘machine’; there is a difference of degree between actual machines and human beings and no difference of type. This paper ends with a conjecture in favor of a notion of an extended mind. If there is a parallel evolution of automata and organic beings since the very beginning of life on Earth and if biological organisms evolve side by side mechanical prosthetic devices and if it is foreseeable that in the future there will be symbiosis between humans and machines, it follows that human mind should be understood in a broader sense than what is usual, a sense of an extended mind.

Texto Completo: https://www.publicacoesfacfil.pt/category.php?id_category=32

Palavras-Chave: automatismo, consciência, evolução, ludismo,S

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