Religião sem Deus? Leitura Crítica de Mark C. Taylor

2011, Tomo 67, Fasc. 1 • Revista Portuguesa de Filosofia

Autor: JOÃO MANUEL DUQUE

Resumo:

Partindo de uma concepção estética de Deus como imaginação, Taylor analisa o processo de eclipse do real e transformação do mundo em obra de arte, que atravessou a modernidade, como processo de morte de Deus ou secularização, deixando a descoberto a sua ambiguidade. Contra processos equívocos de sacralização ou de secularização, Taylor propõe a figura de uma religião sem Deus, como infinitização do processo imanente do próprio vir-a-ser do mundo, enquanto natureza. Isso levanta a questão da articulação da diferença pessoal e da verdadeira alteridade, seja na relação de Deus ao mundo (e vice-versa), seja nas relações que constituem o mundo, seja ainda nas relações paradigmáticas que constituem o próprio Deus. A compreensão de Deus como relação diferenciadora e personalizante poderá ser entendida como contributo bíblico para uma leitura pós-secular da possibilidade de dizer Deus, sem anular a sua diferença e sem o reduzir à extensão unívoca do mundo ou ao índice equívoco do nada. A via da analogia continua a ser promissora.

Abstract:

Based on an aesthetic notion of God as imagination, Taylor analyzes the process of the eclipse of the real and the transformation of the world into a work of art. It is a process that passed through modernity and included the question of the death of God, or secularisation. The net result is that it leaves us with a certain ambiguity as to what this actually means. Arguing against this ambiguity involved in the sacralisation and the secularisation that appear in the horizon of these processes, Taylor proposes a religion without God in terms of an infinitisation of immanent process of the coming-to-be of the world as nature. This raises the question of the articulation of the personal difference and of true alterity, be it in God’s relation to the world (and vice-versa), in the relations that constitute the world, or still in the paradigmatic relations that constitute God Himself. An understanding of God as a differentiating and personalising relation can be thought of as a biblical contribution for a post-secular reading that makes it possible to say “God”, without eliminating its difference and without reducing it to a univocal extension of the world or to an equivocal sign of nothing. The way of analogy continues to be promising.

Texto Completo: https://www.publicacoesfacfil.pt/product.php?id_product=155

Palavras-Chave: analogia, diferença,infinito,morte de Deus,re

Revista Portuguesa de Filosofia

A Revista Portuguesa de Filosofia (RPF) foi fundada em 1945 por Domingos Maurício, SJ; Cassiano Abranches, SJ; Severiano Tavares, SJ e Diamantino Martins, SJ. É uma publicação trimestral da Axioma - Publicações da Faculdade de Filosofia.

A RPF, sendo de inspiração cristã, tem por missão a publicação de artigos inéditos de reconhecido mérito, aceitando textos de qualquer horizonte de pensamento, em qualquer área de filosofia, escritos nas principais línguas europeias (português, inglês, francês, alemão, espanhol e italiano). Todos os artigos são revistos inter pares (peers review), mediante o sistema de avaliação anónima (double-blind).

Os artigos publicados na RPF são indexados e referenciados pelas seguintes bases de dados e repertórios bibliográficos: The Philosophers's Index (Ohio, USA); International Philosophical Bibliography / Répertoire Bibliographique de la Philosophie (Louvain, Bélgica); Francis-Bulletin Signalétique (CNRS, INIST - França); Ulrich's International Periodicals Directory (New York, USA); Internationale Bibliographie Geistes und Sozialwissenschaftlicher Zeitschriftenliteratur (IBZ - Alemanha); Dialnet (Logroño, Espanha); JSTOR (Michigan, EUA).