EVOLUTION AND DESIGN: TELEOLOGICAL EXPLANATIONS IN BIOLOGY

2012, Volume 68, Fasc. 1-2 • Revista Portuguesa de Filosofia

Autor: Francisco J. Ayala

Resumo:

Charles Darwin argumentou que os organismos surgiram por evolução e forneceu uma explicação científica para a evolução e para o porquê dos organismos terem características adaptativas bem estruturadas, tais como asas, olhos e rins, para servirem funções específicas que contribuem para a reprodução e sobrevivência dos organismos. A seleção natural é o processo fundamental que explica as características adaptativas, ou a organização teleológica, dos organismos vivos. Facas, asas de pássaro e encostas de montanhas são usadas para determinados fins: cortar, voar, e escalar. O que as asas de um pássaro têm em comum com as facas é que ambas foram “desenhadas” para a finalidade para que servem, cujo objectivo foi o responsável pela sua existência, enquanto as encostas das montanhas surgiram por processos geológicos independentemente dos seus usos numa escalada. As asas de um pássaro diferem de uma faca por não terem sido desenhadas ou produzidas por um qualquer agente consciente; em vez disso, as asas, tal como as encostas, são o resultado de processos naturais, sem qualquer causalidade intencional. Os biólogos evolucionistas usam linguagem teleológica e explicações teleológicas, que são apropriadas, porque as explicações teleológicas são hipóteses que podem ser sujeitas a testes empíricos. Hipóteses teleológicas explicam a existência de uma característica em termos da função para que servem, como por exemplo, as asas evoluíram e persistem porque voar é benéfico para as aves, aumentando as suas possibilidades de sobreviver e de se reproduzir. As características dos organismos que são explicadas com hipóteses teleológicas incluem estruturas, tais como asas; processos, como o desenvolvimento desde a fase de ovo para a de adulto; e comportamentos, tais como a construção de ninhos. Uma explicação próxima dessas características é o da função para que servem; uma explicação última compartilhada por todos é o da sua contribuição para a aptidão reprodutiva dos organismos. Faz-se uma distinção entre vários tipos de explicações teleológicas – por exemplo, natural e artificial, restrita e irrestrita –, aplicando-se algumas delas a explicações biológicas e outras não. 

Abstract:

Charles Darwin argued that organisms come about by evolution and he advanced a scientific explanation of how evolution occurs and why organisms have adaptive features such as wings, eyes and kidneys, clearly structured to serve specific functions that contribute to the organisms’ survival and reproduction. Natural selection is the fundamental process that accounts for the adaptive features, or teleological organization, of living organisms. Knives, birds’ wings, and mountain slopes are used for certain purposes: cutting, flying, and climbing. A bird’s wings have in common with knives that they have been “designed” for the purpose they serve, which purpose accounts for their existence, whereas mountain slopes have come about by geological processes independently of their uses for climbing. A bird’s wings differ from a knife in that they have not been designed or produced by any conscious agent; rather, the wings like the slopes are outcomes of natural processes without any intentional causation. Evolutionary biologists use teleological language and teleological explanations, which is appropriate, because teleological explanations are hypotheses that can be subject to empirical testing. Teleological hypotheses account for the existence of a feature in terms of the function it serves; for example, wings have evolved and persist because flying is beneficial to birds by increasing their chances of surviving and reproducing. Features of organisms that are explained with teleological hypotheses include structures, such as wings; processes, such as development from egg to adult; and behaviors, such as nest building. A proximate explanation of these features is the function they serve; an ultimate explanation that they all share is their contribution to the reproductive fitness of the organisms. I distinguish several kinds of teleological explanations, such as natural and artificial, or bounded and unbounded, some of which but not others apply to biological explanations. 

ISSN: 0870-5283; 2183-461X

DOI: http://doi.org/10.17990/RPF/2012_68_1_0033

Texto Completo: https://www.publicacoesfacfil.pt/product.php?id_product=163

Palavras-Chave: adaptação,aptidão reprodutiva,Aristóteles,evo

Revista Portuguesa de Filosofia

A Revista Portuguesa de Filosofia (RPF) foi fundada em 1945 por Domingos Maurício, SJ; Cassiano Abranches, SJ; Severiano Tavares, SJ e Diamantino Martins, SJ. É uma publicação trimestral da Axioma - Publicações da Faculdade de Filosofia.

A RPF, sendo de inspiração cristã, tem por missão a publicação de artigos inéditos de reconhecido mérito, aceitando textos de qualquer horizonte de pensamento, em qualquer área de filosofia, escritos nas principais línguas europeias (português, inglês, francês, alemão, espanhol e italiano). Todos os artigos são revistos inter pares (peers review), mediante o sistema de avaliação anónima (double-blind).

Os artigos publicados na RPF são indexados e referenciados pelas seguintes bases de dados e repertórios bibliográficos: The Philosophers's Index (Ohio, USA); International Philosophical Bibliography / Répertoire Bibliographique de la Philosophie (Louvain, Bélgica); Francis-Bulletin Signalétique (CNRS, INIST - França); Ulrich's International Periodicals Directory (New York, USA); Internationale Bibliographie Geistes und Sozialwissenschaftlicher Zeitschriftenliteratur (IBZ - Alemanha); Dialnet (Logroño, Espanha); JSTOR (Michigan, EUA).